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Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Alinhamento com sustentabilidade beneficiará financiamentos

Incerteza regulatória não deve impactar visão estratégica para a sustentabilidade, defendem responsáveis do Millennium BCP e do Banco Montepio, em conversa com Assunção Cristas.

12 de Maio de 2025 às 13:42
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Alinhamento com sustentabilidade beneficiará financiamentos
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    Se parece existir um consenso sobre a importância de pôr a sustentabilidade como uma prioridade do sistema financeiro, atravessamos um momento em que parece haver um abrandamento no quadro regulatório europeu — com a legislação Omnibus em discussão —, mas em que continuam a vigorar as mesmas metas, como a de atingir a neutralidade climática até 2050. É neste quadro de alguma incerteza que o desenvolvimento do financiamento verde e o papel crescente da banca na construção de uma economia carbono zero estiveram em destaque no mais recente episódio do podcast Sustentabilidade em Ação, integrado na iniciativa Negócios Sustentabilidade 20|30.

    Uma conversa moderada por Assunção Cristas, sócia da Vieira de Almeida Advogados e presidente do júri da categoria de Finanças Sustentáveis do Prémio Nacional de Sustentabilidade, que contou com a participação de Gonçalo Pascoal, responsável pelo Gabinete de Estudos, Sustentabilidade e Supervisão do Millennium BCP, e de Paula Viegas, chief sustainability officer do Banco Montepio. Estes responsáveis analisaram os desafios atuais nesta área, num momento de adaptação do quadro regulatório europeu e de transformação profunda no tecido empresarial.

    Alinhamento com sustentabilidade beneficiará financiamentos
    Assunção Cristas, sócia da Vieira de Almeida Advogados e presidente do júri da categoria

    de Finanças Sustentáveis do Prémio Nacional de Sustentabilidade.

    Pragmatismo e não abrandamento

    Para Gonçalo Pascoal, o atual contexto de abrandamento não representa um retrocesso, mas sim "um momento de síntese". "Vejo duas preocupações principais neste período de ponderação: a proporcionalidade e o pragmatismo na abordagem", afirmou. Na sua opinião, existe a  necessidade de ajustar a regulamentação à realidade das empresas, sem comprometer os objetivos de neutralidade climática. Para Paula Viegas, a fase atual pode ser uma oportunidade para uma transição mais sólida. "Vejo esta fase não como uma pausa, mas como um compasso que permitirá a muitas empresas, especialmente PME, adaptarem-se com mais tempo às exigências da transição energética e climática", explicou.  

    A importância da informação

    Neste contexto, a responsável do Montepio revelou que a recolha de dados de qualidade sobre o desempenho ambiental das empresas tem sido um grande desafio. Sem esta base sólida de informação, alertou, torna-se difícil cumprir adequadamente as exigências regulatórias e garantir a credibilidade dos financiamentos verdes. Para Gonçalo Pascoal, o pedido de dados adicionais por parte da banca deve ser compreendido em três níveis distintos. Em primeiro lugar, como parte de um compromisso coletivo com os objetivos de sustentabilidade. "Enquanto financiadores, também temos esse compromisso", afirmou. Em segundo lugar, sublinhou que a recolha de dados adicionais serve também os interesses próprios da banca: "É do nosso interesse perceber a sustentabilidade dos negócios que financiamos — não só em termos climáticos, mas enquanto negócios viáveis no futuro", referiu.

    Já o terceiro nível, segundo este responsável, tem que ver com a necessidade de adequar os produtos financeiros oferecidos. Com acesso a melhor informação, os bancos conseguem desenhar soluções mais adaptadas às necessidades das empresas. "Essa flexibilidade adicional permite-nos oferecer melhores condições e abrir o leque de investidores disponíveis", explicou o responsável do Millennium BCP, sublinhando que, apesar de necessitar de um esforço inicial de recolha de dados, esta aposta pode gerar benefícios concretos para as empresas. Também Assunção Cristas reforçou esta ideia de benefício, sublinhando que "mais e melhor informação se traduz em mais liberdade de escolha para as empresas". Embora a recolha e organização de dados represente um custo inicial, esse investimento deve resultar em condições de financiamento potencialmente mais favoráveis.

    Alinhamento com sustentabilidade beneficiará financiamentos
    Gonçalo Pascoal, responsável pelo Gabinete de Estudos, Sustentabilidade e Supervisão do Millennium BCP.

    Novas expectativas

    Neste novo paradigma, às exigências regulatórias somam-se as tendências de mercado e as expectativas dos consumidores, moldando um sistema financeiro que, acreditam os participantes, irá integrar progressivamente os critérios ESG (ambientais, sociais e de governação) como parte central da avaliação de risco e da construção de valor a longo prazo. Para Paula Viegas: "Hoje temos novas gerações — nomeadamente a Gen Z — para quem os temas dos direitos humanos e da ação climática são absolutamente críticos na avaliação de marcas e do seu comportamento", salientou. Também para Assunção Cristas, a banca, enquanto agente impulsionador da transição, não se pode centrar apenas no eixo ambiental da sustentabilidade, mas tem também de garantir uma transição justa, com preocupações sociais genuínas.

    Alinhamento com sustentabilidade beneficiará financiamentos
    Paula Viegas, chief sustainability officer do Banco Montepio.

    Alinhamento essencial

    Para o responsável do Millennium BCP, o essencial é que as empresas se centrem em estratégias alinhadas com os princípios da sustentabilidade, organizem a informação e comuniquem os seus progressos de forma estruturada e transparente. Gonçalo Pascoal alertou ainda que a adaptação ao novo quadro regulatório não deve ser encarada como uma obrigação burocrática, mas como uma oportunidade de evolução. "As empresas devem centrar-se em posicionamentos estratégicos consistentes com a sustentabilidade, organizar a informação e divulgá-la de forma adequada", aconselhou, realçando que a transição energética e climática é um movimento estrutural e contínuo, independentemente dos ajustes legislativos em curso.

    No fecho da conversa, Paula Viegas deixou mais um conselho às empresas: verem na sustentabilidade uma oportunidade estratégica para reforçar a sua competitividade e relevância no mercado. "A sustentabilidade não é só Cancelar mitigação de riscos — é identificação de impactos e de novas oportunidades", afirmou, lembrando que muitas organizações já têm práticas relevantes nesta área, mas precisam de as estruturar melhor e comunicar de forma mais eficaz. Assim se fechou mais um podcast, no qual se concluiu que a sustentabilidade, mais do que uma exigência legal, deve ser vista como uma alavanca de valor estratégico, em que a banca pretende ser um parceiro ativo das empresas que se comprometam com um futuro mais responsável.

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