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Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Transição ambiental entre ser um peso ou uma oportunidade

Pedro Martins Barata juntou José Eduardo Martins, da Abreu Advogados, e Carlos Freire, da AON, para uma conversa sobre como gerir os riscos da transição ambiental. A falta de previsibilidade legal e de consciência dos riscos físicos é apontada como um dos grandes desafios a ultrapassar.

05 de Maio de 2025 às 11:02
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Legenda: Carlos Fereire, Pedro Barata, e José Eduardo Martins
na gravação do podcast Sustentabilidade em Ação.
Transição ambiental entre ser um peso ou uma oportunidade
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    Que papel podem ter as empresas de serviços empresariais na gestão do risco e no sucesso da transição energética e climática das empresas? Que desafios enfrentam as empresas para navegar a complexidade técnica, legal, financeira e operacional da transição climática, para melhorar a segurança, a competitividade e a resiliência dos negócios?

    Estes foram os temas do mais recente episódio do podcast "Sustentabilidade em Ação", um podcast integrado na iniciativa Negócios sustentabilidade 20|30. Pedro Martins Barata, vice-presidente do Environmental Defense Fund e presidente do júri da categoria de Descarbonização do Prémio Nacional de Sustentabilidade, recebeu Carlos Freire, CEO da AON Portugal, e José Eduardo Martins, partner da Abreu Advogados, para uma conversa sobre a importância da gestão do risco climático e regulatório na transição energética e ambiental. Entre a necessidade de maior previsibilidade legal e de maior consciencialização empresarial para o risco, o debate apontou caminhos para uma transição bem-sucedida. 

    Serviços são indispensáveis

    Para José Eduardo Martins, os prestadores de serviços são indispensáveis nesta transição porque a nova realidade climática e regulatória exige competências técnicas e jurídicas muito específicas que ajudem as empresas a navegar em contextos cada vez mais complexos. "Não vejo como boa parte destes processos seria possível sem prestadores especializados de serviços", afirmou, reforçando a necessidade de apoio especializado em áreas como licenciamento, responsabilidade ambiental e "compliance".

    O advogado destacou que nesta área, embora muitos conceitos pareçam novos, na verdade resultam de práticas e princípios já existentes, que são agora encarados com mais seriedade. "Estamos a falar de paradigmas novos que implicam, em primeiro lugar, levar mais a sério princípios que já existiam", explicou. Hoje, afirma, os processos de sustentabilidade empresarial assentam num triângulo formado pela taxonomia europeia, o reporte de informação e a finança sustentável – pilares centrais do Pacto Ecológico Europeu.

    Apesar de reconhecer a existência de avanços na sustentabilidade em função do aumento da regulação ambiental, José Eduardo Martins alertou para o excesso de regulamentação e para a necessidade de consolidar práticas em vez de criar novas obrigações. "Depois de 30 anos de hiper-regulação do setor ambiental, precisamos de dar algumas coisas por adquiridas para avançarmos na economia circular e gerar confiança", defendeu.

    Transição ambiental entre ser um peso ou uma oportunidade
    Legenda: José Eduardo Martins, partner da Abreu Advogados

    Mais riscos, mais complexos

    De facto, as alterações climáticas criam mais riscos, mais complexos, às empresas, exigindo abordagens integradas de gestão de risco. Neste contexto, Carlos Freire, CEO da AON, sublinhou a importância crescente dos serviços de gestão de risco e da área dos seguros, na proteção dos negócios perante as novas ameaças ambientais. No caso da AON, a atividade foca-se em três grandes dimensões: o risco ambiental, a responsabilidade de diretores e administradores e o risco físico associado aos impactos diretos das alterações climáticas. "O trabalho da AON", explica Carlos Freire, "passa por criar consciência (awareness) do risco nas organizações, identificar os riscos a que estão expostas, avaliar a sua tolerância ao risco, e quantificá-lo". Para Carlos Freire, "existe uma necessidade crescente de integrar o risco climático na gestão estratégica das empresas, transformando o desafio da transição energética e climática numa oportunidade para reforçar a sua competitividade e resiliência", afirma.

    O estado de preparação das empresas portuguesas

    Quando questionado sobre o grau de preparação das empresas portuguesas para esta realidade, Carlos Freire é claro: "Não há uma diferença significativa face a outras empresas europeias." Embora reconheça que "há empresas mais avançadas e outras menos", o CEO da AON sublinha que "as multinacionais ou empresas com atividade exterior significativa estão a trabalhar no mesmo playing field". José Eduardo Martins, por sua vez, aponta a menor dimensão da economia nacional como um fator diferenciador, para pior. "Infelizmente, a especificidade é só precisarmos de mais atividade económica para ainda medirmos mais riscos e termos mais empregos", afirma, lembrando que Portugal contribui com uma quota relativamente pequena para o aumento das emissões de carbono. Apesar disso, ambos reconhecem que o ecossistema empresarial português tem mostrado capacidade de adaptação às exigências europeias, embora enfrentando, como noutros países, o peso crescente do compliance.

    Transição ambiental entre ser um peso ou uma oportunidade
     Legenda: Carlos Freire, CEO da AON Portugal

    A proliferação de normas e o desafio da finança sustentável

    Um dos grandes entraves à transição, identificados pelos participantes neste podcast, foi a complexidade e a fragmentação do quadro regulamentar. Pedro Martins Barata assinalou "a proliferação de acrónimos e de legislação na área da sustentabilidade corporativa". Para José Eduardo Martins, a legislação está a ser recebida pelas empresas como um fardo de compliance e não como uma oportunidade de transformação. Carlos Freire complementa esta análise, apontando para a necessidade de integração dos temas ESG nas normas internacionais de contabilidade, como as IFRS. Este seria um passo essencial para simplificar e agilizar a transição.

    Apesar da evolução regulamentar, subsiste um grande desafio: a mobilização de financiamento verde. Pedro Martins Barata questiona: "Como é que tudo isto se vai refletir na reorientação dos fluxos financeiros para soluções sustentáveis?" Para José Eduardo Martins, "a realidade mostra que o green ainda não é suficientemente premiado e o brown ainda não é suficientemente penalizado". Para os três participantes, a inexistência de um mercado robusto de financiamento para projetos verdes vai continuar a ser um problema grave.

    Entre o compliance e a urgência da ação

    Este podcast deixou claro que a sustentabilidade corporativa vive hoje entre dois polos: a necessidade crescente de compliance regulatório das empresas e a urgência em promover uma verdadeira mudança estrutural nos negócios. Vai ser necessário simplificar normas, premiar efetivamente o desempenho verde e assegurar que o financiamento acompanha a ambição climática. Como resumiu Pedro Martins Barata, "só através da integração plena da sustentabilidade nos instrumentos económicos e financeiros se conseguirá transformar a atual pressão regulatória numa verdadeira oportunidade para a transformação das empresas e da economia", concluiu.

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