Na toca de um coelho desconhecido

O actor só conhece o texto no momento em que entra em palco. Neste texto do iraniano Nassim Soleimanpour somos todos convidados a entrar no desconhecido.
Wilson Ledo 06 de Janeiro de 2018 às 09:30

Não há muros que não possam ser trespassados. Nassim Soleimanpour apercebeu-se disso quando, em 2010, foi impedido de sair do Irão. As suas obrigações militares não tinham sido cumpridas.

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As fronteiras mentais, essas, não têm guardas. Começou então a escrita de "White Rabbit, Red Rabbit". Com esse texto, Nassim Soleimanpour, hoje com 36 anos, podia circular pelo mundo de outra forma: através dos actores que se cruzassem com esta peça.

Na toca de um coelho desconhecido
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A todos eles é colocado o mesmo desafio: entrar em palco sem ver, ler ou procurar informar-se sobre o texto que vão apresentar. Exercício de confiança, tendo em conta que "White Rabbit, Red Rabbit" já viaja há sete anos em palcos de todo o mundo. Nassim Soleimanpour só conseguiu vê-la quase dois anos depois da sua estreia. Até então, pedia que lhe reservassem a primeira fila do espaço, que acabaria por ir deixando vazia.

O actor e o público estão em igualdade de circunstâncias para entrar nesta toca do coelho. Sem encenador, o actor recebe apenas algumas indicações prévias e lança-se ao desafio de não saber, exposto que está em palco, onde e quando irá parar.

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Ana Deus, Fernanda Lapa, Gonçalo Waddington, João Pedro Vaz, Maria do Céu Ribeiro, Maria João Luís, Mónica Calle, Paula Sá Nogueira, Pedro Penim, Tiago Rodrigues, Tónan Quito e Vera Mantero irão também, cada um por sua vez, integrar este projecto.

O que encontrarão nesta toca? Não sabemos. E é essa mesma a graça. A única certeza é de que a cada vez será diferente. Porque esta peça, como a própria vida, não permite ensaios.

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