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A teoria da palavra e a arte política

Marcou, como poucos, o ambiente político e cultural da primeira metade do século XX em Portugal. António Ferro criou a "Política do Espírito", mas foi sobretudo um bardo da beleza e da criatividade. Fosse a escrever, fosse a exercer o poder.

27 de Dezembro de 2013 às 14:04
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Em 1932, num dos opúsculos sobre a "Política do Espírito", António Ferro, sonhava com uma acção que fosse ao mesmo tempo reflexo do poder que se estava a criar e um contra-poder poderia legitimar a nova ordem. No fundo o seu imaginário talvez não se afastasse do que fizeram os futuristas italianos ou os construtivistas soviéticos. Escrevia ele: "Um povo que não vê, que não lê, que não ouve, que não vibra, que não sai da vida material, do Deve e Haver, torna-se um povo inútil e mal-humorado. A beleza (...) deve constituir a aspiração suprema dos homens e das raças. A literatura e a arte são os dois grandes órgãos dessa aspiração". Uma lógica de hegemonia cultural (necessariamente política) estava a ser arquitectada. António de Oliveira Salazar, o criador de uma nova forma de fazer política em Portugal (que bebia muito na necessidade de um "pastor" para guiar os portugueses) também encontrava o homem certo para criar a encenação perfeita para quem procura o poder e depois o conquista e mantém. António Ferro criou e solidificou, como um maestro, uma só voz, de consenso e hegemonia, conquistando muito do que estava nas margens, amolecendo os críticos com prémios e benesses.

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