Para "Bobô", a sua segunda longa-metragem, viajou mesmo ao lado de casa para os lugares onde as nossas empregadas de limpeza são rainhas, porque todas as mulheres são, à sua maneira, rainhas, tendo que gerir grandes cortes, nunca terminando as responsabilidades para que o reino continue funcionando. Depois de Toronto, "Bobô" passava esta semana na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Os espectadores iriam ver uma Lisboa branca e negra, saber melhor quem somos e isso já é muito retorno de investimento. Falámos sobre a crise e a importância de registar o que está a acontecer em Portugal só depois do gravador estar desligado. De certa forma, um realizador é um espectador e nesse ponto de vista de espectador sabe que com ou sem crise, com ou sem lei do cinema a funcionar, há que continuar a viver, ver viver, viver depois de ver viver.