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Entre a guerra e a paz

Com o tempo, o lobo passou de uma ameaça a um alvo a abater. As suas fronteiras de caça chocavam cada vez mais com o gado dos seres humanos. Qualquer paz foi destruída por uma guerra cujo início já não se recorda e o fim não está à vista. No seu livro "Malditos, histórias de homens e de lobos", Ricardo J. Rodrigues fala dessa guerra sem tréguas, num dos últimos redutos do lobo ibérico, Montalegre.

17 de Abril de 2015 às 14:01
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Os lobos uivam mais nas noites de lua cheia porque essas noites são mais claras e propícias para localizar as presas. Os homens julgam o contrário: que nessas noites os lobisomens estão à solta e pretendem transformá-los em lobos. É assim que a claridade da noite se transforma numa penumbra intransponível para os seres humanos. O caminho para o Inferno é o eco do uivar dos lobos, julga-se. Na América, os índios pensavam de maneira diferente. Os lobos tinham sido enviados para os proteger e o seu poder e coragem eram um símbolo e um exemplo para o que deveriam ser. Os povos nómadas vivem fascinados pelos lobos. Os sedentários temem-nos e lutam com eles. Os interesses a defender são diferentes. E, afinal, o lobo deveria estar enraizado na tradição europeia porque foi um desses animais que permitiu a sobrevivência dos fundadores de Roma, Rómulo e Remo. Mas não. Com o tempo, o lobo passou de uma ameaça a um alvo a abater. As suas fronteiras de caça chocavam cada vez mais com o gado dos seres humanos. Qualquer paz foi destruída por uma guerra cujo início já não se recorda e o fim não está à vista.

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