Manuel Rocha: A consciência da vulnerabilidade do ganha-pão é terrível
Manuel Rocha tem 52 anos e aos 14 era o menino do violino da Brigada Victor Jara, nascida há 40 anos. A banda com nome de activista chileno tem raízes em 1975, quando jovens estudantes participavam na abertura de uma estrada, perto da Lousã, durante as Campanhas de Dinamização Cultural. Esta brigada portuguesa, que nasceu com um propósito assumidamente socialista, foi resgatando sonoridades e instrumentos da música tradicional, como o cavaquinho, a viola braguesa e os bombos de Lavacolhos, conta Manuel Rocha, ele que, aos 18 anos, pegou na trouxa e foi para a União Soviética. Hoje é director do Conservatório de Música de Coimbra. E continua na Brigada. "O que tem graça nos 40 anos da Brigada é chegar aos 40 anos e poder celebrá-los". A banda portuguesa lançou agora a caixa "Ó Brigada!", que inclui toda a discografia do grupo. Vai estar no festival "O Sol da Caparica", no dia 14 de Agosto.
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Eu tinha 14 anos, era pequenino, a Brigada Victor Jara precisava de alguém que tocasse violino e eu devia ser o único lá da rua... (risos). Eu era miúdo, miúdo mesmo, e não tinha bem a noção do impacto da coisa, pareceu-me algo simpático e o ambiente, na altura, era um ambiente de gente nova, pacífica e saudável. Não se fumava, não se bebia, não se faziam noitadas. Não era um ambiente desviante. Era um bom caldo de cultura para o crescimento, o que não significa que eu seja um rapaz bem-educado. Eram todos bons alunos e muitos, dos primeiros tempos, têm carreira académica. Um deles chegou a reitor da universidade de Coimbra, o (Fernando) Seabra Santos. Outros seguiram o caminho da música, como a Né Ladeiras ou o Joaquim Caixeiro, que é hoje o Quinzinho de Portugal - é a chamada aranha que foi comida pela teia.
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