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Manuel Wiborg: Estamos a viver o fim de uma civilização

“Não me peçam nem que ajude a domesticá-los nem que faça causa da preservação dos seus modelos e sistemas, que dessa maneira não seriam os deles”. Este é um excerto do texto “Vou lá Visitar Pastores”, adaptado da obra de Ruy Duarte de Carvalho, que fala sobre os pastores Kuvale, do sudoeste de Angola. “Ele quer mostrar que é ali que está a verdadeira população de Angola. E não nos dirigentes políticos que acumulam carros nos jardins”, diz o actor e encenador Manuel Wiborg, que vai repor a peça nos dias 6, 7 e 8 Setembro no anfiteatro ao ar livre da Fundação Calouste Gulbenkian, no âmbito do programa “Próximo futuro”. Criada em 2004, a peça estreou na Culturgest e foi adaptada, então, por Rui Guilherme Lopes. Agora, ao texto original, Manuel Wiborg acrescenta fragmentos das “Mensagens em Swakopmund”, textos pessoais de Ruy Duarte de Carvalho, escritos naquela cidade do Namibe, onde morre em 2010. Manuel Wiborg, actor e encenador de teatro, cinema e televisão, dá voz a este homem que muito admira.

28 de Agosto de 2015 às 12:00
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A peça "Vou lá Visitar Pastores", uma adaptação da obra de Ruy Duarte de Carvalho, foi criada em 2004 a convite do António Pinto Ribeiro para o festival "Mais a Sul", na Culturgest. Quando li o livro, fiquei encantado. A obra não é só um romance, não é só um livro de antropologia, não é só um livro de filosofia, não é só um livro de poesia. A obra é tudo isso. O Ruy Duarte de Carvalho não era apenas escritor e poeta. Ele era antropólogo, era realizador, era pintor. Ele fotografava, ele recolhia materiais e fez um trabalho de fundo junto dos pastores Kuvale, do sudoeste de Angola, onde passou muitos anos, e onde, no fundo, ele se exilou. No fim da vida, ele sai do Namibe, antiga Moçâmedes, atravessa a fronteira para a Namíbia e instala-se em Swakopmund, onde fica a viver, por cima de um centro de saúde. Ele já estava muito doente. Morre quando volta da ilha de Santa Helena. Era o sonho dele, ir a Santa Helena. No regresso, do aeroporto da Cidade do Cabo, ele telefona ao filho, Luhuna Carvalho, e à mãe do filho, Rute Magalhães. Morre nessa noite, em Swakopmund.

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