Ainda hoje sente o arrepio daquela bala que lhe passou ao pé da espinha na Praça da República, em plena crise académica de 1969. Coimbra estava ocupada por militares e a jovem estudante de Direito desatou a correr por entre o silvo de tiros, que deixou balas cravadas na sede da associação académica. Privilegiada numa época de injustiça social em que muitos da sua geração eram deixados para trás e não acediam ao Ensino Superior, Maria de Belém participou nas assembleias-gerais, fez greve aos exames, tinha opinião política, mas nunca se envolveu nas lideranças associativas. A seguir ao 25 de Abril, em 1976, "assina" pelo PS por ali encaixarem as matrizes do socialismo democrático. "Mas podia não me ter filiado", refere ao Negócios a candidata às eleições Presidenciais de 24 de Janeiro.