Ainda que se possa dizer que uma artista arrenda um ateliê e vai para ele trabalhar todos os dias, isso não explica como o trabalho nasce. Mariana Viana estudou design gráfico em Londres, ilustração em Nova Iorque, dá aulas, pensa todos os dias sobre a maneira como produzimos imagens, mas o mistério da criação nunca será resolvido. Ela vai para o ateliê sempre que pode, entre as aulas e a vida familiar, mas esses momentos de criação, a posteriori, nunca são claros e talvez nem devam ser clarificados. No início deste ano saiu uma edição de "O Físico Prodigioso", de Jorge de Sena, com imagens suas (edição Guerra & Paz), e agora, no final do ano, espera ver publicadas as imagens que fez inspirada em "Os Passos em Volta", de Herberto Helder (edição Abysmo). Continua a amar a literatura e a precisar da literatura como ponto de partida, mas descobriu que a imagem ganhou autonomia, que pode ter um outro pensamento, diferente do texto, quase como um filho que vemos prestes a sair de casa.