Paramount afunda em bolsa depois da Warner Bros rejeitar "proposta inferior" à da Netflix
A administração da Warner Bros. apela a que os acionistas rejeitem a proposta da Paramount, com ambas as empresas a desvalorizar. A Netflix - que já se congratulou com a carta enviada pelos gestores - segue a valorizar.
A guerra do entretenimento está a todo o vapor. A administração da Warner Bros. não está satisfeita com a proposta da Paramount e enviou uma carta aos seus acionista na qual pede que a oferta não seja aceite, admitindo que a "fusão" proposta pela Netflix é mais vantajosa para a empresa. A Netflix congratulou-se com a recomendação dos administradores, enquanto a reação da Paramount, mais tardia, fala da superioridade da sua proposta e de ter garantias financeiras do seu lado.
As notícias da guerra pela gigante do entretenimento está a fazer-se sentir em bolsa. O grupo Paramount Skydance, liderado por David Ellison, chegou a afundar 5,7% para 13,06 dólares por ação, tendo estabilizado as perdas em torno dos 4%.
"Os termos da fusão com a Netflix são superiores. A oferta da Paramount Skydance oferece um valor inadequado e impõe inúmeros riscos e custos significativos à Warner Bros. Discovery", escreveram os membros da administração da Warner Bros, acusando o grupo Paramount de "enganar" a empresa com uma proposta "ilusória".
Em linha com a Paramount Skydance está a empresa em rota de venda. A Warner Bros. Discovery chegou a perder 1,76% para 28,39 dólares, uma quebra ligeira que difere com os ganhos que foram registados desde que anunciou que aceitou a proposta da Netflix. Por sua vez, a plataforma de "streaming" segue em contraciclo. A Netflix está a ganhar 1,16% para 95,67 dólares, estando a tentar inverter as perdas observadas desde o início do mês de dezembro.
Com base no fecho do mercado de terça-feira, a Netflix evidencia uma capitalização de 444,1 mil milhões de dólares, enquanto a Warner Bros vale 71,38 mil milhões e a Paramount está avaliada em 7,68 mil milhões de dólares.
A proposta hostil lançada pela Paramount, que surgiu após o acordo com a Netflix, ascendeu a 108 mil milhões de euros (92,6 mil milhões de euros ao câmbio atual) pela totalidade da Warner Bros.
"O nosso acordo com a Netflix concede aos acionistas da Warner Bros. 23,25 dólares em dinheiro, mais 4,50 dólares em ações ordinárias da Netflix (com base numa faixa de preço entre 97,91 e 119,67 dólares no momento que o negócio foi fechado), além do valor adicional das ações da Discovery Global e a oportunidade de participar na potencial valorização futura após a separação. O conselho está confiante na nossa recomendação de que a Netflix representa o melhor caminho para a criação de valor para os acionistas", reiterou o conselho de administração da empresa visada.
Depois de a carta ter sido tornada pública, a Netflix congratulou-se com a recomendação. Citado em comunicado, o co-CEO da Netflix, Ted Sarandos, admite que este "foi um processo competitivo que proporcionou o melhor resultado para os consumidores, criadores, acionistas e a indústria do entretenimento em geral. A Netflix e a Warner Bros. complementam-se mutuamente, e estamos entusiasmados por combinar os nossos pontos fortes com a sua divisão de cinema, o seu estúdio de televisão de classe mundial e a icónica marca HBO, que continuará a concentrar-se na televisão de prestígio".
A Netflix rejeita que a fusão seja o fim da Warner Bros. nas salas de cinema, apontando que os filmes continuarão a ser lançados no entretenimento tradicional, marcando apenas a entrada da plataforma de "streaming" nessa nova área de atividade.
O processo ainda tem de ser aprovado pelas autoridades da concorrência dos Estados Unidos, União Europeia e ainda pela Administração Trump. Conforme os avanços, "a separação previamente anunciada da Warner Bros. Discovery está prevista para o terceiro trimestre de 2026".
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