O avião militar fez-se à pista. Lá dentro seguia o Presidente Ramalho Eanes com destino a Luanda, para participar nas cerimónias fúnebres de Agostinho Neto, o Presidente angolano. Estávamos em Setembro de 1978. Todo o aparelho foi inspeccionado meticulosamente pelos serviços de segurança do Presidente. "Quando o avião já estava para sair, aparece um sujeito a correr com uma grande coroa de flores para o funeral", recorda o general Garcia dos Santos, na altura chefe da Casa Militar. A coroa entrou no aparelho sem passar pelo crivo da segurança e o avião levantou voo. Passado algum tempo, há um alerta de bomba. "Não havia nenhuma hipótese a não ser aquela coroa de flores", diz. Garcia dos Santos entrou de imediato em contacto com Ramalho Eanes via rádio. Era preciso agir rápido. O avião já tinha passado do meio da viagem. Não valia a pena voltar para trás. Decidiram aterrar em Bissau. Felizmente, foi apenas um susto. Não havia bomba nenhuma. "Enquanto esse assunto não se esclareceu, é claro que estivemos sempre com o coração na boca", recorda o general.