A Paulo Duarte, empresa de referência no transporte rodoviário de mercadorias, está no centro desta mudança. Com operações que exigem eficiência, segurança e resposta às novas exigências regulatórias, a Paulo Duarte é um exemplo do que é transformar um negocio tradicional num modelo sustentável orientado para o futuro.
Nesta conversa, Gustavo Paulo Duarte, CEO da empresa, destaca que a sustentabilidade é um dos seus pilares estratégicos, pelo que têm como objetivo a redução de 50,4% das emissões de carbono até 2032 – e de 90% até 2050. A modernização da frota e a eficiência das operações são essenciais para o sucesso, que irá depender também da evolução da tecnologia e da qualidade das infraestruturas. “A sustentabilidade é um pilar estratégico para o Grupo Paulo Duarte. Enquanto uma das empresas líderes na área do transporte rodoviário, assumimos a responsabilidade de reduzir o nosso impacto e de contribuir para um setor mais eficiente e ambientalmente responsável”, diz o CEO, assumindo que, para o conseguirem, definiram uma estratégia de sustentabilidade assente em três pilares estruturais – Pessoas, Planeta e Comunidade – e estabeleceram objetivos claros: a redução de 50,4% das emissões de carbono até 2032, em linha com os standards internacionais, e a redução de 90% até 2050. “Para a concretização destes objetivos, colocámos em marcha um plano de investimentos, exigente e permanente, na modernização da nossa frota, na eficiência das nossas operações e no reforço das competências das nossas equipas. Através da monitorização do nosso impacto, da adoção de uma condução eco eficiente e da implementação da nossa estratégia, queremos continuar a ser uma referência no setor em que operamos”, assegura.
Para atingirem estes objetivos, porém, o investimento a fazer é avultado. “O maior desafio passa pela disponibilidade de soluções economicamente viáveis para o transporte pesado em longas distâncias. Temos soluções que já são uma realidade em países vizinhos e que em Portugal, ainda continuam pendentes de uma legalização. É o caso, por exemplo, do projeto dos duotrailers, uma solução que possibilita transportar o dobro do volume de mercadoria no mesmo transporte”.
Segundo Gustavo Paulo Duarte, isso permitiria uma redução até 50% de camiões a circular na estrada, ou seja, uma redução significativa de emissões de CO2, assim como uma diminuição do trânsito e da ocorrência de acidentes rodoviários. “Em Espanha este projeto já está legalizado e em marcha. Em Portugal ainda não avançou, não por falta de insistência das empresas, mas por falta de decisões legislativas”, refere, prosseguindo: “Para que o setor dos transportes possa cumprir o seu papel na construção de uma economia mais moderna, resiliente e sustentável, é essencial haver um compromisso político, que garanta estabilidade e previsibilidade. Precisamos de decisões estruturais, que possam ser aplicadas hoje e que tenham impacto a curto e médio prazo”.
Reduzir emissões
Sendo a redução de emissões um dos grandes objetivos da empresa, para o seu CEO esta tem procurado estar sempre na vanguarda com a aquisição e oferta de novas soluções. “O Grupo Paulo Duarte foi, por exemplo, pioneiro em Portugal, na aquisição de Link Trailers – solução de transporte que permite atrelar um segundo semi-reboque, de forma a transportar mais carga na mesma viagem, com uma redução direta de 30% da pegada ambiental”, informa Gustavo Paulo Duarte e continua: “Para termos um impacto robusto e consistente, temos atuado e investido em várias áreas em simultâneo: por um lado, assumimos um investimento anual e constante na renovação da nossa frota. Este ano, por exemplo, já ultrapassámos os 15 milhões de euros de investimento na aquisição de novas viaturas. Além de termos investido em viaturas mais eficientes, nomeadamente viaturas elétricas, optámos também por investir em cisternas que têm maior capacidade em termos de volume transportado, o que nos permitirá uma grande poupança em termos de deslocações, ou seja, menos viagens, menos quilómetros percorridos e menos emissões de CO2”. E a empresa não se ficou por aqui. No que diz respeito à eficiência das operações, além da aposta em ferramentas digitais para monitorização, otimização de rotas e tomada de decisão mais eficiente, em tempo real, também foram tomadas decisões estratégicas estruturais, como a construção de uma nova base na OTA. “Inaugurada este ano, com um investimento superior a dez milhões de euros, vem permitir uma centralização dos serviços e proximidade às nossas operações diárias, prevendo-se uma poupança de um milhão de quilómetros anuais”.
De resto, dificilmente conseguiriam ser umas das empresas líderes no seu segmento caso não fizessem estes investimentos. É que, atualmente, os clientes pedem, cada vez mais, soluções mais sustentáveis, incluindo critérios ambientais nos concursos, solicitando relatórios de emissões e procurando parceiros com estratégias claras de descarbonização. “O desafio está em aceitar que soluções mais verdes exigem também um investimento financeiro maior. É um caminho que todos temos de percorrer, conscientes de que terá obviamente impactos económicos e que exigirá alinhamento de objetivos”.
Faltam equipamentos a preços viáveis
Não é fácil, porém, adaptar o transporte pesado de mercadorias às novas realidades e exigências do mercado. “O transporte de longas distâncias é o segmento mais desafiante, devido ao peso das cargas, à necessidade de autonomia elevada e à ainda reduzida disponibilidade de infraestruturas adequadas. As tecnologias de zero emissões para pesados estão em evolução, mas ainda não oferecem, na prática, a flexibilidade que as operações exigem, faltando ainda opções de equipamentos a preços economicamente viáveis”, esclarece Gustavo Paulo Duarte.
É por isso que, diz, mudam aquilo que podem. “Além da adoção de frota elétrica para os nossos colaboradores, estamos também a introduzir veículos elétricos ligeiros na nossa frota da área de negócio de e-commerce. As limitações de autonomia, peso útil e tempo de carregamento ainda condicionam uma adoção mais ampla”. Sendo a eletrificação de pesados de mercadorias mais difícil de colocar em prática, a empresa adotou outro tipo de estratégias para a redução de emissões. “No Grupo Paulo Duarte iniciámos a incorporação de biocombustível nas nossas operações em 2023. Desde então temos vindo a aumentar o número de litros introduzidos. Em 2024, a incorporação de biocombustível nas operações Paulo Duarte permitiu-nos uma poupança superior a 660 toneladas de CO2”, assegura o CEO.
É preciso ter políticas estáveis
Há então condições em Portugal para uma empresa líder no setor avançar mais rápido na transição energética? “A transição verde, que é exigida às empresas, deve ser acompanhada por estratégias bem definidas pela administração pública e pelo mercado, pois somos um país limítrofe e teremos de manter a competitividade com o centro da Europa. Um setor de transportes forte é sinónimo de uma economia forte. Precisamos de políticas estáveis que ofereçam previsibilidade ao investimento”, diz Gustavo Paulo Duarte salientando que, atualmente, a frota pesada da empresa é maioritariamente composta por veículos diesel Euro VI de última geração. E que, nos próximos anos, anteveem “a continuidade de frota pesada a diesel altamente eficiente com incorporação de biocombustíveis”. Na frota de ligeiros , antecipam outra realidade, que passa pela utilização de híbridos e elétricos citadinos e de curta distância.
No que toca a políticas públicas urgentes para acelerar a sustentabilidade no transporte rodoviário de mercadorias, Gustavo Paulo Duarte vê três prioridades: “A supracitada legalização de duotrailers por via da normativa dos pesos e dimensões; o apoio a frotas mais recentes e a penalização às menos eficientes, de forma a acelerar esta transição; e o apoio aos abates de frotas.”