O mercado global está em permanente mutação, com a competitividade entre empresas cada vez mais feroz, muito por culpa, também, da rápida evolução tecnológica. A formação de executivos, como temos vindo a reparar, estabelece-se como diferencial estratégico indispensável. Mas um dos principais desafios para quem quer investir em educação é, precisamente, encontrar tempo para o conseguir fazer, sobretudo se pensarmos em profissionais que já enfrentam agendas sobrecarregadas e responsabilidades crescentes.
"O maior desafio é conciliar as exigências do dia a dia profissional com o compromisso da formação. A perceção de 'falta de tempo' é real", afirma Joana Santos Silva, CEO do ISEG Executive Education. Contudo, alerta a responsável, este investimento frequentemente "desbloqueia o crescimento pessoal e profissional", proporcionando uma "perspetiva estratégica, ferramentas acionáveis e uma rede de pares que acrescenta valor real".
Esta visão é relevante em contextos de alta exigência e incerteza, nos quais a formação executiva permite "parar para pensar, aprender com os melhores e voltar ao terreno com mais confiança, foco e impacto", Joana Santos Silva.
Esse lado de reflexão e ponderação é sublinhado por Ana Lúcia Romão, vice-presidente para a Área de Formação Executiva do ISCSP. A responsável considera que num mercado marcado por uma oferta vasta e diversificada, "um dos principais desafios é definir um plano individual de formação que se alinhe verdadeiramente com os objetivos e necessidades do profissional".
Já José Fonseca Pires, da AESE, diz que "os maiores desafios incluem a rápida evolução tecnológica e a necessidade de equilibrar vida profissional e pessoal". Já as oportunidades residem "na possibilidade de adquirir competências diferenciadoras, como liderança humanista e sustentável e inovação estratégica, que são cada vez mais valorizadas pelas organizações". Estes programas ultrapassam a "mera transmissão de conhecimentos técnicos", proporcionando uma "transformação pessoal e profissional profunda", desenvolvendo nos executivos "uma compreensão mais holística dos impactos de suas decisões nas pessoas e no ambiente ao redor". A ideia é que não se tornem apenas "gestores mais competentes, mas também líderes inspiradores, capazes de guiar suas equipas com propósito e autenticidade".
Por sua vez, João Pinto, diretor da Católica Porto Business School, refere que entre os maiores desafios, encontram-se "a necessidade de conciliar as exigências de uma carreira em plena atividade com o compromisso que uma formação avançada implica e a constante atualização face à rápida evolução tecnológica e das práticas de gestão". Contudo, as oportunidades superam estes desafios, nomeadamente "pela possibilidade de aquisição de competências que se traduzem num incremento direto na progressão e no retorno profissional", recorda.
Quanto a Henrique Pires, subdiretor do ISAG, também acredita que o "conciliar a formação com a rotina pessoal" é um dos grandes desafios para quem procura investir nestes programas. Mas há mais dois que importa sublinhar: o ritmo acelerado das mudanças tecnológicas e a competitividade no cenário global.
Ainda assim, Henrique Pires acredita que também há aqui um cenário de oportunidade. Se pensarmos nesse cenário global, em 2025 vivemos num mundo em que o acesso a redes e parcerias internacionais está muito mais simplificado. "A formação executiva permite o networking com líderes de diversos setores e geografias, enriquecendo a visão estratégica e profissional."
Os especialistas concordam que a formação executiva de qualidade supera os desafios do equilíbrio trabalho-vida pessoal. E essas transformações são, segundo os peritos consultados, o verdadeiro valor da formação executiva contemporânea: além de moldar carreiras, redefine conceitos de liderança e possibilita contribuições significativas para o panorama empresarial e social.
Responder aos desafios do mercadoO panorama da formação executiva em Portugal transformou-se radicalmente nos últimos anos, adaptando-se com agilidade às aceleradas mudanças do mercado laboral. As principais escolas de negócios do país implementaram alterações estruturais nos seus programas, destacando-se pela prontidão e eficácia na resposta às novas exigências.
"A formação executiva tem evoluído rapidamente, incorporando novas competências, como pensamento estratégico em ambientes incertos, gestão da diversidade, sustentabilidade, pensamento crítico e transformação digital", afirma José Crespo de Carvalho, presidente do Iscte Executive Education. Para o responsável, os currículos tornaram-se mais dinâmicos, colaborativos e orientados para a resolução de problemas concretos.
A inovação tecnológica surge como elemento central na atualização dos conteúdos formativos. João Pinto, diretor da Católica Porto Business School, enfatiza que "os programas têm integrado módulos dedicados à transformação digital, à sustentabilidade e à inteligência artificial", preparando executivos para um ambiente em constante evolução.
Ana Lúcia Romão, vice-presidente para a Área de Formação Executiva do ISCSP, valoriza a "flexibilidade e rapidez de resposta" destas unidades curriculares, que conseguem "adaptar conteúdos, metodologias e formatos às mudanças constantes do mercado".
A importância das competências comportamentais"Tivemos que nos reinventar com maior foco no desenvolvimento das competências comportamentais, como a liderança, a inteligência emocional e o espírito crítico", explica Marta Ferreira, coordenadora executiva da Portucalense Business School. Esta abordagem reflete uma mudança paradigmática que transcende as competências meramente técnicas.
Os avanços tecnológicos impulsionaram modalidades de formação híbridas e mistas, fomentando uma cultura de aprendizagem contínua que permite aos profissionais conciliar a aprendizagem com as carreiras. Paralelamente, todas as instituições ampliaram suas redes internacionais, estabelecendo parcerias estratégicas que asseguram aos executivos portugueses uma visão global.
José Crespo de Carvalho, do ISCTE, sintetiza o paradigma atual: a personalização, a aplicabilidade e a adaptabilidade tornaram-se elementos-chave, assim como "o desafio à construção do ser humano completo, inteiro, profissional e pessoalmente" - uma perspetiva holística que define a nova era da formação de líderes em Portugal.