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“Formar executivos é formar o futuro económico de Portugal”

A formação executiva em Portugal: mais do que uma necessidade, uma alavanca estratégica para o futuro empresarial, diz a Associação Portuguesa de Gestão de Pessoas.

06 de Maio de 2025 às 14:48

Num contexto marcado pela aceleração digital, pela escassez de talento qualificado e pela crescente complexidade da liderança, a formação de executivos assume hoje um papel decisivo no desenvolvimento das organizações e da economia portuguesa.

Para a Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas (APG), esta temática vai muito além do desenvolvimento individual. Nesta conversa, Rui Mendes da Costa, coordenador e membro da Comissão de Especialização em Educação, Aprendizagem e Desenvolvimento da APG, explica que a formação de executivos trata de garantir que "os líderes de hoje e de amanhã estão preparados para gerir com visão, ética e responsabilidade num mundo em transformação".

Considerando a transformação digital e as novas competências exigidas aos líderes, como a APG avalia o atual panorama da formação de executivos em Portugal para a gestão eficaz de ativos humanos e financeiros?

A formação de executivos em Portugal encontra-se num ponto de viragem. A transformação digital e cultural impôs uma redefinição profunda das competências de liderança – exigem-se líderes com visão estratégica, que deem, efetivamente, o exemplo, com agilidade adaptativa e com a capacidade de gerir tanto a inteligência artificial quanto a inteligência emocional. Sublinha-se, adicionalmente, o papel que as organizações devem assumir no apoio aos trabalhadores e na sua transição para novas funções, especialmente face às temáticas da automação e da inteligência artificial. A APG reconhece que, embora haja avanços relevantes, nomeadamente na digitalização de conteúdos e no foco em competências transversais, ainda persiste uma lacuna entre o que muitos programas oferecem e o que as organizações verdadeiramente necessitam: formação que integre de forma prática a gestão de pessoas e de recursos financeiros num contexto de disrupção constante. Há uma oportunidade clara para alinhar melhor os programas com as exigências da nova economia.

De que forma os programas de formação para executivos estão a integrar as questões de sustentabilidade e ESG (Environmental, Social and Governance) na gestão de ativos organizacionais?

As temáticas ESG deixaram de ser uma opção periférica e tornaram-se um eixo central da gestão moderna, até pelo seu alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Em Portugal, vemos já alguns programas de formação executiva a integrar módulos robustos sobre sustentabilidade, ética empresarial e governação responsável. Destaca-se a crescente ênfase na dimensão social de ESG, a qual se relaciona diretamente com a gestão de pessoas, um ativo fundamental. Programas de formação eficazes exploram a importância de práticas laborais justas, da diversidade e inclusão, e do bem-estar dos trabalhadores, como fatores que influenciam a produtividade, a retenção de talentos e, consequentemente, o valor da organização. A integração das questões de sustentabilidade e ESG na formação de executivos será essencial para a capacitação de líderes capazes de construir organizações resilientes e com impacto positivo na sociedade. Contudo, a APG defende que estes temas devem deixar de ser tratados como disciplinas isoladas e passar a estar transversalmente presentes em toda a lógica de formação – da estratégia à liderança, da gestão financeira à inovação. As organizações que conseguirem formar líderes com pensamento sistémico, conscientes do impacto social e ambiental das suas decisões, estarão melhor preparadas para criar valor sustentável.

As temáticas ESG deixaram de ser uma opção periférica e tornaram-se um eixo central da gestão moderna, até pelo seu alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).Rui Mendes da Costa, APG

Qual a importância do desenvolvimento de soft skills e inteligência emocional nos programas de formação para executivos, especialmente no contexto da gestão e retenção de talentos?

As designadas soft skills deixaram de ser "complementares" para se tornarem competências críticas, aquelas que, de facto, podem fazer a diferença, obviamente sem descurar uma base técnica que seja robusta. Num mercado em que o talento escasseia e a mobilidade aumenta, as competências relacionais, a empatia, a comunicação assertiva e a inteligência emocional são fatores determinantes para liderar equipas, gerar confiança e garantir retenção. Também não podemos descurar o risco de desumanização trazido pelo uso crescente de tecnologias como a inteligência artificial, a automação ou mesmo a capacidade analítica, o que destaca a importância das soft skills na mitigação desse risco. A APG acredita que o foco na dimensão humana da liderança é o grande diferencial competitivo do futuro. A eficácia da gestão de talentos não depende apenas de métricas e processos, mas da capacidade de inspirar, desenvolver e ouvir — e isso aprende-se, treina-se e mede-se.

Como podem as empresas portuguesas medir o retorno do investimento em formação de executivos, particularmente no que diz respeito à otimização da gestão de ativos?

O retorno da formação executiva pode e deve ser medido através de indicadores que vão muito além da satisfação imediata dos participantes. A APG recomenda uma abordagem multidimensional: avaliar impactos em produtividade, inovação, comprometimento das equipas e eficiência operacional. No que toca à gestão de ativos, importa observar a melhoria da tomada de decisão estratégica, a capacidade de gerar poupanças ou novos fluxos de receita e a agilidade na gestão de riscos. A chave está em alinhar os objetivos da formação com os indicadores do negócio e envolver os executivos na aplicação prática do que aprendem.

Quais são as principais tendências e inovações na formação de executivos que a APG identifica como essenciais para os gestores portugueses enfrentarem os desafios económicos e competitivos dos próximos anos?

A formação de executivos está a atravessar uma fase de reinvenção. Destacamos cinco tendências essenciais: microlearning e aprendizagem contínua, com conteúdos curtos, flexíveis e orientados para o contexto real; formação híbrida, personalizada e adaptativa, com experiências imersivas, presenciais e digitais combinadas; simulações e cenários de decisão, que aproximam a aprendizagem da realidade complexa das empresas;integração da inteligência artificial e análise de dados, como ferramentas de apoio à liderança; foco na liderança sustentável, ética e inclusiva, reforçando a importância de manter uma liderança humanista perante os sinais latentes de pressão que derivam de modelos mais autoritários. A APG acredita que o futuro passa por experiências de aprendizagem transformadoras, nas quais os participantes não são apenas recetores de conhecimento, mas sim os protagonistas da sua evolução. Para além da resposta à transformação digital, deve-se assegurar, igualmente, uma resposta cabal às grandes mudanças globais – demografia, alterações climáticas, instabilidade geopolítica -, uma vez que moldam a atuação dos líderes.

Na vossa perspetiva, qual a importância da formação de executivos, tanto para o desenvolvimento profissional individual quanto para o cenário económico e empresarial português?

A formação de executivos é um motor duplo de crescimento: individual e sistémico. Do ponto de vista pessoal, proporciona ferramentas para liderar com visão, antecipar tendências e adaptar-se à mudança. A nível económico, é um investimento estratégico na competitividade do tecido empresarial nacional. Países que investem de forma estruturada na capacitação das suas lideranças têm empresas mais resilientes, inovadoras e internacionalizáveis, até pelo papel e pela responsabilidade dessas lideranças no desenvolvimento pessoal dos trabalhadores e na criação de culturas organizacionais que aprendem, evoluem e inovam de forma contínua. Na visão da APG, formar executivos é formar o futuro económico de Portugal.

Países que investem de forma estruturada na capacitação das suas lideranças têm empresas mais resilientes, inovadoras e internacionalizáveis, até pelo papel e pela responsabilidade dessas lideranças no desenvolvimento pessoal dos trabalhadores e na criação de culturas organizacionais que aprendem, evoluem e inovam de forma contínua.Rui Mendes da costa, APG

Do vosso conhecimento, como é que a formação executiva tem respondido às transformações do mercado de trabalho e às novas exigências das organizações nos últimos anos?

A resposta tem sido gradual, mas com sinais encorajadores. Os programas mais relevantes deixaram de assentar apenas em teoria para abraçar modelos práticos, ágeis e orientados para a resolução de problemas reais. A formação executiva está a evoluir para ser mais transversal – unindo gestão, tecnologia, comportamento e propósito. Ainda assim, a APG sublinha a importância de um maior alinhamento com as novas formas de trabalho (remoto, híbrido, ágil) e com as competências emergentes: liderança inclusiva, literacia digital, pensamento crítico e adaptabilidade. A velocidade da transformação exige formação mais rápida, mais focada e mais experiencial.

Quais consideram ser os maiores desafios e oportunidades para quem, nesta altura, procura investir em formação executiva?

O principal desafio passa por selecionar programas que realmente respondam aos desafios do presente e do futuro, evitando formações genéricas e descontextualizadas. A oferta é vasta, mas nem sempre alinhada com as necessidades específicas dos líderes portugueses. Outro desafio é integrar a aprendizagem na rotina dos executivos, sem que se torne uma "interrupção" ou algo que faz perder tempo! Quanto às oportunidades, são imensas – nunca foi tão fácil aceder a conteúdos de excelência, com flexibilidade e aplicabilidade imediata. Quem investir hoje em formação executiva estará mais bem preparado para liderar em contextos voláteis, gerir com consciência e transformar com impacto. A formação é, acima de tudo, uma alavanca estratégica e um compromisso com o futuro.

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