A mobilidade elétrica em Portugal continua a crescer a um ritmo acelerado, consolidando o país como uma das referências europeias nesta transição energética. De acordo com Luís Barroso, presidente da Mobi.E, entidade gestora da rede pública, “face a 2024, este ano a utilização da rede pública de carregamento aumentou cerca de 45%, o número de utilizadores ativos cresceu mais de 57%, e a energia elétrica consumida subiu quase 60%”, revela.
Estes indicadores refletem o crescimento do parque automóvel eletrificado, que representava, em julho, 38,3% das novas matrículas de ligeiros de passageiros, face a uma média de 25,6% na União Europeia. “Nestes indicadores, Portugal ocupa hoje a sexta posição entre os 27 Estados-membros, segundo a ACEA – Associação dos Fabricantes de Automóveis Europeus”, destaca o responsável.
Expansão da rede
De acordo com os dados disponibilizados pela Mobi.E, Portugal conta atualmente com cerca de 7.000 postos de carregamento, que correspondem a mais de 13.000 pontos de carregamento em todo o território nacional. Destes, mais de 2.750 são rápidos ou ultrarrápidos, representando perto de 40% do total da rede. Esta evolução, afirma a entidade gestora, garante uma resposta mais eficaz às necessidades dos utilizadores e reduz os tempos de espera. A monitorização diária da potência disponível mostra também, segundo Luís Barroso, que Portugal “cumpre plenamente o regulamento europeu de Infraestruturas para Combustíveis Alternativos (AFIR), estando cerca de 7% acima do critério exigido”, refere.
Desafios da descarbonização
Apesar dos avanços, o presidente da Mobi.E reconhece que persistem desafios no caminho da descarbonização do transporte rodoviário. “As principais questões passam por acelerar a eletrificação da mobilidade, expandir uma rede de carregamento inclusiva e resiliente e assegurar a integração com a produção renovável”, sublinha.
Segundo a Mobi.E, Portugal dispõe hoje de uma rede nacional de carregamento de veículos elétricos que já se destaca, a nível europeu, pela sua abrangência territorial. Ainda assim, considera Luís Barroso, “a necessidade de aumentar a capacidade instalada, integrar novas tecnologias — como o carregamento ultrarrápido e soluções inteligentes de gestão de energia — e assegurar equidade no acesso, tanto em centros urbanos como em regiões do interior, continua a ser determinante”, afirma.
Paralelamente, a gestão eficiente da procura, o carregamento em períodos de menor consumo, a possibilidade de os veículos funcionarem como baterias para a rede (vehicle-to-grid) e a articulação com a produção de energia renovável “serão fatores críticos para garantir que a mobilidade elétrica contribui para um sistema energético mais sustentável e resiliente”, afirma o responsável. Em suma: “Mais veículos elétricos, mais pontos de carregamento e mais energia limpa. Estes são os pilares que permitirão descarbonizar o transporte rodoviário em Portugal de forma justa, equilibrada e inclusiva.”
A médio prazo, “um dos grandes desafios será o desenvolvimento de uma infraestrutura de carregamento dedicada a veículos pesados”. Segundo Luís Barroso, esta é “uma condição fundamental para manter Portugal na linha da frente da transição energética e como referência internacional em mobilidade sustentável”, afirma.
Iniciativas em curso
Entretanto, a Mobi.E prepara-se para reforçar a rede pública com a entrada em funcionamento, nos próximos meses, de cerca de 400 novos pontos de carregamento no âmbito do projeto Ruas Elétricas. Trata-se de um piloto promovido pela Mobi.E e cofinanciado pelo Fundo Ambiental, que visa instalar postos de carregamento em zonas residenciais sem estacionamento privativo e com baixa cobertura, em 79 municípios.
Por outro lado, afirma Luís Barroso, “a curto prazo, a Mobi.E terá também um papel essencial em apoiar os operadores da rede na adaptação ao novo Regime Jurídico da Mobilidade Elétrica, garantindo que esta transição decorre de forma simples e eficaz para todos os parceiros”, sublinha.