20 economistas estrangeiros contra sanções a Portugal e Espanha

O El País recolheu a opinião de duas dezenas de economistas internacionais, de diversas correntes de pensamento, que convergem na falta de sentido ou de oportunidade na aplicação de sanções. Veja o que dizem.
Jean-Claude Juncker Donald Tusk
Reuters
19 de Julho de 2016 às 11:00

Numa altura em que Portugal e Espanha esgrimem os últimos argumentos para tentar evitar sanções por causa da violação das regras do Paco de Estabilidade, o jornal El País recolheu a opinião de 20 economistas de renome. Apesar das diversas correntes de pensamento económico, todos tendem a convergir na ideia de que as sanções ou não se justificam de todo, ou são inoportunas. Veja quem diz o quê. 

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Peter Bofinger, do Conselho Alemão de Peritos Económicos

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"A austeridade orçamental severa aplicada entre 2011 e 2013 conduziu a uma recessão em Portugal e Espanha. Violar o Pacto era o adequado, a par com as medidas de estímulo do BCE". "Os défices de Portugal e Espanha não são muito maiores do que os de economias avançadas como os EUA, o Reino Unido, Japão ou França".

 

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Charles Wyplosz, Graduate Institute

"As sanções são o equivalente a uma bomba atómica: uma arma de dissuasão que nunca se deve usar. O problema é que na Comissão Europeia já não há economistas. Esperemos que a plêiade de advogados e diplomatas de Bruxelas encontre uma forma inteligente de se esquivar deste absurdo".

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Carmen Reinhart, Harvard

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"Não consigo imaginar um timing mais errado. O Brexit é um sinal global de divisão dentro da UE. As sanções seriam o segundo".

 

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Paul De Grauwe, London School

"Não me lembro de um grau de estupidez económica semelhante. A Comissão aplica uma e outra vez regras que deixaram marcas em milhões de pessoas".

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Wolfgang Münchau, Eurointelligence

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"A única razão pela qual continuamos com esta charada é porque a Comissão perdeu a credibilidade e não sabe como recuperá-la. E encontrou dois pobres diabos, Portugal e Espanha".

 

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Alberto Alesina, Harvard

"Eu não imporia sanções. A recessão teria sido menos intensa com o ajustamento da despesa [mas] para isso teria sido necessário reformar a governação económica de forma fulminante".

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Bary Eichengreen, Berkeley

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"Forçar subidas de impostos e cortes de despesa condena Portugal e Espanha a um período de baixo crescimento e, por conseguinte, o défice é mais difícil de baixar".

 

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Mark Blyth, Brown

"Cuidado com os efeitos secundários, o eurocepticismo e as agitações económico-financeiras. O superavite alemão está em máximos e viola todas as regras. Porque não há multas a Berlim?"

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Ángel Gurría, OCDE

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A última coisa de que a Europa precisa neste momento é de sanções, que criariam mais divisões".

 

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Alessandro Leipold, ex-FMI

"O PE deve aplicar-se de forma inteligente. As sanções nunca são inteligentes, muito menos na actual situação económica".

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Philippe Legrain, ex-assessor da Comissão Europeia

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"Politicamente é incendiário, e não há justificação económica para a multa nem para maior ajustamento orçamental: num momento de taxas de juro negativas, elevado desemprego e défice de procura, os governos deviam investir. Mas os que querem não podem, e os que podem não querem. Esperemos que Berlim pense duas vezes."

 

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Kevin O’Rourke, Oxford

"A Comissão está sequestrada por interesses anti-europeus. Não há outra explicação racional para um movimento tão estúpido".

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Guntram Wolff, Bruegel

Espanha e Portugal fizeram esforços substanciais: a multa enviaria sinais errados".

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Desmond Lachman, American Enterprise Institute

"Com a incerteza actual, não faz sentido aplicar as regras cegamente. (…) Não estou seguro de que Bruxelas esteja consciente do grave risco de desintegração da UE".

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Jacob Kirkegaard, Peterson Institute

"Apesar do elevado desemprego, o ajustamento espanhol conta uma história de relativo sucesso na zona euro. Não merece sanções."

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Simon Tilford, Center for European Reform

"Bruxelas gostava de poder dizer que Espanha é um aluno modelo, mas, se cresce, é justamente porque resistiu com sensatez às pressões para aprovar uma nova ronda de austeridade".

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Francesco Papadia, ex-director do BCE

"A Comissão trata de equilibrar necessidades contraditórias: é preciso de respeitar as regras, mas é preciso interpretá-las de forma mais flexível. Não sei como se pode tomar uma decisão assim".

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Jorg Bibow, Skidmore

"Bruxelas parece disposta a arriscar uma vez mais para fazer cumprir a loucura de Maastricht falido. Espanha e Portugal são as vítimas expiatórias. Decisões assim levam o projecto europeu ao naufrágio".

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Lorenzo Codogno, ex-director do Tesouro de Itália

"A Comissão tem a obrigação de aplicar estritamente as regras. Mas os líderes políticos [o Conselho Europeu] tem obrigação de encontrar forma de que Espanha goze de certo tempo extra para se ajustar".

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Federico Santi, Eurasia

"As sanções podem elevar os riscos políticos em ambos os países".

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