Álvaro Santos Pereira: “Impunidade em Portugal é uma pouca vergonha”
Álvaro Santos Pereira considerou esta quinta-feira, 17 de outubro, que "o combate à corrupção, ao compadrio e ao corporativismo deve ser a prioridade total, ser a número um", sublinhando que esse tem de ser um "desígnio" de todos os partidos políticos.
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"Uma cultura de impunidade como temos no nosso país – de deixarmos os processos arrastar-se anos a fio, de recurso em recurso, sem as pessoas serem condenadas e irem para a prisão – é uma pouca vergonha para a nossa Justiça", apontou o ex-ministro da Economia.
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Durante uma conferência na Fundação de Serralves, no Porto, o atual diretor do departamento de estudos sobre países na OCDE insistiu que Portugal "tem de acabar em definitivo com as rendas excessivas nalguns setores e com os privilégios de setores protegidos, sendo imperioso também diminuir as barreiras aos serviços".
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O economista recuou mesmo a 2012, quando integrava o Executivo liderado por Passos Coelho e desenhou uma lei-quadro para as ordens profissionais que "protegia menos as corporações", para recordar como o acusaram de estar "a ir mais longe do que Salazar". "As corporações são demasiado fortes em Portugal. Não gostam da concorrência e quem paga somos todos nós, os contribuintes", completou.
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Entre as medidas elencadas pelo ex-ministro estão a criação de uma agência nacional contra a corrupção e de um tribunal especializado nesta área, a regulamentação do enriquecimento ilícito, a introdução da proteção de delatores, a "limitação do número de recursos dos acusados de corrupção sem penas de prisão efetiva" ou o reforço dos mecanismos de transparência das compras do Estado.
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Em abril deste ano, Álvaro Santos Pereira envolveu-se numa polémica com o Executivo socialista, denunciando que membros do Governo terão pressionado o gabinete do secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría, para remover a palavra corrupção do seu relatório sobre a economia portuguesa.
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Problemas para pagar a dívida?
Nesta conferência na cidade Invicta, o economista que passou pelo Palácio Horta Seca como independente dramatizou ainda a necessidade de "continuar a desendividar este país", sustentando que "a dívida continua a ser demasiado elevada". Referiu que aí "não há alternativa" nem "importa o partido que está no Governo". "Imaginemos que o crescimento abranda ou há uma crise internacional. Como o PIB baixa, se a dívida for demasiado inerte vai aumentar novamente e isto expõe-nos a perigos muito grandes", assinalou.
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Na dívida externa, particularizou, o país deve ao exterior mais de duas vezes o PIB, tudo o que produz de bens e serviços durante um ano. E, avisou, "se nada for feito – e os juros vão acabar por subir –, com dívidas desta magnitude vamos ter problemas em conseguir aguentar os pagamentos de juros que vamos ter".
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