Atrasos nas exportações de terras raras da China afetam produção europeia

O representante das empresas europeias na China indicou que a Câmara "está em contacto frequente com as autoridades chinesas sobre esta questão" e revelou que a instituição está a preparar recomendações que ponham fim à volatilidade e beneficiem ambas as partes.
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Lusa 06 de Junho de 2025 às 09:23

A Câmara de Comércio da União Europeia (UE) na China denunciou esta sexta-feira que as cadeias de produção europeias estão a ser afetadas pelo atraso das autoridades chinesas na emissão de licenças de exportação de terras raras.

"Os nossos membros continuam a ter dificuldades com o processo de aprovação das licenças de exportação [de terras raras], tanto devido ao tempo que demora como à falta de transparência", afirmou o presidente da organização, Jens Eskelund, em comunicado.

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Esta situação "está a ter um impacto negativo nas linhas de produção, tanto na Europa como noutros países", sublinhou o empresário dinamarquês.

O representante das empresas europeias na China indicou que a Câmara "está em contacto frequente com as autoridades chinesas sobre esta questão" e revelou que a instituição está a preparar recomendações que ponham fim à volatilidade e beneficiem ambas as partes.

O comunicado foi divulgado após uma reunião com representantes dos setores mais afetados pelas exportações chinesas de sete dos 17 minerais do grupo das terras raras, fundamentais para indústrias como a eletrónica, automóvel, aeronáutica e defesa.

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O documento sublinha, no entanto, que nos últimos dias se registaram algumas melhorias na situação, sobretudo após uma cimeira entre o Ministério do Comércio chinês e empresas europeias e chinesas ligadas à cadeia de fornecimento do setor dos semicondutores, considerado estratégico por Pequim.

"Especificamente, o número de autorizações de exportação obtidas por empresas europeias aumentou depois de a China ter aparentemente dado prioridade às que considerava mais urgentes -- com base na opinião da indústria europeia -- para evitar uma crise grave", detalha o comunicado.

Ainda assim, tal não é suficiente para evitar graves perturbações nas cadeias de abastecimento de muitas empresas.

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Desde 02 de abril, no contexto da escalada tarifária com os Estados Unidos, Pequim impôs um novo regime de licenças que exige que empresas estrangeiras solicitem autorizações para exportar os minerais acima referidos -- samário, gadolínio, térbio, disprósio, lutécio, escândio e ítrio -- e os ímanes derivados, invocando preocupações de segurança nacional.

Os controlos afetam especialmente os setores que mais dependem destes materiais, tendo em conta que a China representa cerca de 49% das reservas mundiais e processou 99% das terras raras pesadas utilizadas em 2024.

Analistas consideram que a situação criou um "estrangulamento burocrático", resultante de um "enorme volume de pedidos a serem tratados por um número muito reduzido de funcionários, o que inevitavelmente atrasa o processo".

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No final de maio, a China deu a entender -- através da publicação e posterior retirada de um artigo na imprensa oficial -- a possibilidade de aliviar os controlos para as empresas europeias, sinal que especialistas interpretaram como uma tentativa de aproximação a Bruxelas, face à crescente tensão com Washington.

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