"Concordo com CFP sobre crescimento de 2,4% do PIB. É provável, mas não prudente"
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o PIB registou um recuo de 0,5% face àquele que era o nível do final de 2024. Foi também revisto em ligeira baixa o crescimento desse último trimestre, para 1,4%. Uma contração que foi contra a expectativa da generalidade dos analistas e instituições. Para o economista Filipe Grilo, da Porto Business School, "não se esperava uma queda tão acentuada, mas ainda assim justifica-se facilmente".
PUB
"Não nos podemos esquecer que no último trimestre houve um aumento das pensões de forma extraordinária e também um aumento, neste caso até uma redução do IRS para as famílias, o que significa que as famílias tinham mais dinheiro no bolso e acabaram por gastar bastante mais do que também era previsto. Aliás, o trimestre anterior levou a um aumento inesperado da atividade económica que depois não se conseguiu materializar neste trimestre porque já não havia este estímulo", começa por explicar em entrevista ao Negócios no NOW.
A contração do PIB vai exigir que a economia cresça trimestralmente pelo resto do ano em valores em torno de 1% em média para atingir a meta do Governo, revista e aumentada para os 2,4% de variação anual em novas previsões enviadas na última semana à Comissão Europeia. Sobre estes dados, Filipe Grilo é da mesma opinião do Conselho de Finanças Públicas (CFP) que, numa avaliação feita antes de conhecidos os dados do INE para o primeiro trimestre, afirmava que "a previsão de um crescimento de 2,4% afigura-se como provável, mas não prudente".
PUB
"Estou expectante sobre o que vai acontecer à conjuntura internacional para percebermos se não poderemos ter aqui algum problema. Também não nos podemos esquecer que há aqui um efeito positivo que ainda estamos a sentir, que é a redução das taxas de juros que está a libertar orçamento para as famílias poderem consumir. O FMI já estava a apontar para 2%. Portanto, vamos perceber se de facto vamos conseguir cumprir este 2,4%. Estou mais inclinado para os 2%, 2,1% como o Governo até tinha sugerido no início, na altura da proposta de lei de Orçamento do Estado", revela.
Na questão da conjuntura internacional, sublinha o economista, é impossível não referir as tarifas anunciadas pelos Estados Unidos em abril. "Temos que ir aguardando porque não percebemos ainda bem o que é que o Donald Trump vai fazer com as tarifas e o que é que vai acontecer à atividade económica".
PUB
Mais lidas
O Negócios recomenda