Filha de María Corina Machado recebe Nobel pela mãe e apela à "luta pela liberdade"

Ana Corina recebeu o prémio e leu um discurso em nome da mãe, que só chegará a Oslo mais tarde.
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Cerimónia de entrega do Prémio Nobel a Maria Ressa e Dmitry Muratov Ana Corina Machado recebe Nobel da Paz em nome da mãe, María Corina Machado, em Oslo Filha de María Corina Machado recebe Nobel da Paz em Oslo Ana Corina Machado recebe o Nobel da Paz em nome da mãe, María Corina Machado, em Oslo Ana Corina Machado recebe prémio Nobel da Paz em nome da mãe, María Corina Machado, em Oslo
Correio da Manhã 10 de Dezembro de 2025 às 14:16

Ana Corina Sosa Machado, filha da opositora venezuelana María Corina Machado, recebeu esta quarta-feira em Oslo, na Noruega, o Prémio Nobel da Paz em nome da mãe, que não conseguiu chegar a tempo à cerimónia, mas que ainda hoje irá marcar presença na capital norueguesa.

Visivelmente emocionada, Ana começou por anunciar que "em algumas horas" a mãe iria estar presente em Oslo, após 16 meses escondida devido ao regime opressivo de Nicólas Maduro. Presentes na cerimónia estiveram a mãe de María Corina Machado e Javier Milei, presidente da Argentina.

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"A democracia enfraquece quando os cidadãos se esquecem de que a liberdade é algo que devemos cultivar", disse durante o discurso preparado pela mãe, lembrando que "a Venezuela nasceu da audácia, moldada por uma fusão de povos e culturas". "Em 1811 escrevemos a primeira constituição do mundo hispânico, uma das primeiras constituições republicanas do mundo. Nela, afirmamos uma ideia radical: a de que todo o ser humano possui dignidade soberana. Até mesmo a democracia mais forte enfraquece quando os seus cidadãos se esquecem de que a liberdade não é algo que devemos esperar, mas algo que devemos construir. A minha geração cresceu em liberdade e a tomamo-la como garantida".

"Foram quase três décadas de luta contra uma ditadura brutal. A esperança desmoronou e, com ela, a fé de que algo pudesse mudar. A possibilidade de mudança tornou-se ingénua e insana. Mas durante estes 16 meses na clandestinidade, construímos novas redes de pressão cívica e desobediência disciplinada, preparando-nos para uma transição ordenada para a democracia. Foi assim que chegámos até aqui, com o grito de milhões de venezuelanos que já sentem a liberdade a aproximar-se", acrescentou.

E deixou depois um apelo ao povo venezuelano: "Este prémio tem um significado profundo: lembrar ao mundo que a democracia é essencial para a paz. E, mais importante, a principal lição que os venezuelanos podem partilhar com o mundo é: se queremos democracia, devemos estar dispostos a lutar pela liberdade. A liberdade é conquistada a cada dia, na medida em que estamos dispostos a lutar por ela. É por isso que a causa da Venezuela transcende as nossas fronteiras. Um povo que escolhe ser livre não apenas se liberta, mas também contribui para toda a humanidade."

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A finalizar, deixou uma mensagem com uma dedicatória: "Aos nossos presos políticos, aos perseguidos, às suas famílias e a todos aqueles que defendem os direitos humanos, este prémio pertence-lhes."

Antes, o presidente do Comité Nobel norueguês, Jorgen Watne Frydnes, destacou María Corina Machado como um símbolo da luta democrática na Venezuela, lembrando que a defesa da democracia no país representa uma das demonstrações mais extraordinárias de coragem cívica na América Latina.

“Enquanto estamos aqui sentados, pessoas inocentes estão trancadas em celas escuras na Venezuela. Elas não podem ouvir os discursos de hoje, apenas os gritos dos prisioneiros a serem torturados. Sr. Maduro, aceite os resultados e renuncie ao poder”, disse Frydnes.

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