Grécia já começou a negociar troca de dívida com o FMI
A Grécia começou a negociar com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Atenas pretende trocar a sua dívida actual por obrigações com juros indexados ao crescimento da economia grega. O tiro de partida nas negociações foi avançado esta quarta-feira, 4 de Fevereiro, numa entrevista de Yanis Varoufakis ao jornal italiano La Reppublica.
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E aparentemente, a julgar pelas palavras do ministro das Finanças, a Grécia entrou com o pé direito nas negociações: é que Atenas garante que pretende pagar a sua dívida "por inteiro e a tempo".
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Varoufakis explicou a proposta que apresentou à instituição liderada por Christine Lagarde. "Estamos a propor substituir as outras tranches, ao FMI e a outros países, com novas obrigações aos juros actuais do mercado, que estão muito baixos neste momento: vamos começar a pagar por inteiro assim que a Grécia voltar a ter um crescimento sólido", disse na entrevista.
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O ministro prevê que as negociações com o FMI cheguem a bom porto. "Eu não vejo porque é que eles não devem aceitar uma extensão como eles sempre fazem nestas situações, pelo menos até ao final do ano".
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No entanto, o FMI veio a público negar que já tenha tido início qualquer tipo de negociação com o Executivo helénico. "Existe um quadro já acordado para negociar com a dívida do programa actual. Não houve nenhuma discussão com as autoridades para uma mudança deste quadro", disse uma porta-voz do Fundo, citada pela Reuters.
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Actualmente, a Grécia deve um total de 315 mil milhões de euros aos seus credores. Nos seus cofres, o Fundo tem guardados 25 mil milhões de euros de dívida grega, cerca de 8% do total do país. Até 2019, a Grécia tem que reembolsar o FMI em 19,4 mil milhões de euros.
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A maior fatia da dívida - 141,8 mil milhões de euros - é detida pelos fundos de resgate do euro: o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) e do seu antecessor, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF).
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Tradicionalmente, as obrigações de dívida pública pagam uma taxa de juro fixa anual, o cupão. E o que o Governo de Tsipras pretende agora é trocar estes títulos por outros com uma taxa variável. Isto é, vão ficar com uma taxa indexada ao crescimento nominal do PIB, sem estar ajustado à inflação. Ou seja, se a economia grega não crescer, Atenas não paga os juros aos seus credores.
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Varoufakis espera concluir rapidamente negociações com credores
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Depois de ter visitado Paris e Roma, o ministro das Finanças grego voou esta quarta-feira para Frankfurt. Na sua agenda, está uma reunião com Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE). Após o encontro, em declarações aos jornalistas, Varoufakis limitou-se a dizer que o encontro foi "construtivo".
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O ministro revelou estar confiante que as negociações com os credores sejam rapidamente concluídas. "Não tenho dúvidas de que podemos concluir as nossas discussões com os nossos parceiros europeus - assim como com o FMI e o BCE - num muito curto espaço de tempo para podermos dar um impulso à economia grega".
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Durante o encontro, terá sido abordada a intenção grega de ir aos mercados financiar-se em dívida de curto prazo para Atenas ter dinheiro suficiente para os próximos meses, enquanto negoceia com os parceiros europeus. Mas, conforme avançou o Financial Times na terça-feira, o BCE não vê com bons olhos a intenção grega.
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Saiu da reunião com Draghi com a garantia que o banco central vai dar o apoio necessário à Grécia e aos seus bancos. "O BCE é o banco central da Grécia. O BCE vai fazer o que for preciso para apoiar os estados membros da Zona Euro", disse, citado pela Reuters.
Por seu turno, o BCE anunciou que não se vai pronunciar sobre o encontro.
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Já sobre o encontro de amanhã com Wolfgang Schäuble em Berlim, Yannis Varoufakis limitou-se a dizer que está "ansioso" por se reunir com o ministro das Finanças de Angela Merkel.
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(notícia actualizada às 15h11 com as declarações do FMI)
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