Offshore: BdP alegou dever de segredo profissional para não enviar informação individualizada
A informação consta no relatório final da auditoria ao sistema de informação e controlo das declarações de transferências transfronteiras pela Autoridade Tributária e Aduaneira, divulgado na terça-feira, e segundo o qual é "extremamente improvável" que a falha informática que permitiu a saída de cerca 10.000 milhões de euros para 'offshore' sem a análise do fisco tenha sido causada por mão humana.
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Segundo o documento, no decurso da auditoria, a IGF pediu ao BdP "informação sobre o número de transferências e respectivos montantes efectuadas para país, território ou região com regime de tributação privilegiada mais favorável, realizadas por instituições de crédito, sociedades financeiras e demais entidades que prestem serviços de pagamento, discriminadas por ano, relativas ao período de 2011 a 2014, superiores a 12.500 euros, com identificação fiscal da entidade e do ordenante".
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Na resposta a este pedido, lê-se no documento, o BdP "remeteu dados relativos ao total das transacções e posições para as categorias funcionais de investimento de carteira e de investimento directo, de acordo com os valores totais publicados no BPStat" (serviço do BdP que disponibiliza estatísticas na internet).
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Contudo, informou que "qualquer informação individualizada está coberta pelo dever de segredo profissional, pelo que, devido ao enquadramento legal a que se encontra vinculado, o BdP não pode disponibilizá-la".
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Sobre este tema, os técnicos que fizeram a auditoria recomendam à AT que apresente propostas legislativas ou desenvolva mecanismos de cooperação com o BdP, com vista à partilha de informação sobre transferências transfronteiras.
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Entre 2011 e 2015, enquanto Paulo Núncio era secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, não foram publicadas as estatísticas da AT com os valores das transferências para 'offshore', uma publicação que passou a ser feita em 2010, por despacho do então secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Sérgio Vasques (último governo de José Sócrates).
As estatísticas só voltaram a ser publicadas no Portal das Finanças por decisão do actual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, sendo que o Ministério das Finanças detectou que houve 20 declarações de operações transfronteiras (os modelos 38, enviadas pelos bancos ao Fisco) que "não foram objecto de qualquer tratamento pela Autoridade Tributária".
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Dadas as discrepâncias, Rocha Andrade solicitou uma auditoria à IGF que tinha conclusão prevista para o mês de Março.
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