Operação Marquês: Sócrates fala em "obscena campanha mediática"

O ex-primeiro-ministro José Sócrates considerou hoje que tem sido alvo de uma "obscena campanha mediática" contra si no âmbito da Operação Marquês. 
António Cotrim
Lusa 09 de Abril de 2021 às 14:23

À entrada do Campus da Justiça, em Lisboa, onde vai decorrer a leitura da decisão instrutória do juiz Ivo Rosa, José Sócrates criticou a comunicação social, que acusou de tentar influenciar a decisão.

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"Venho aqui também para denunciar aquilo que é uma obscena campanha mediática que tem como objetivo condicionar o tribunal", afirmou o antigo chefe de Governo (2005-2011) pelas 14:00, meia hora antes do previsto para o início da leitura da decisão instrutória.

Numa declaração aos jornalistas, o antigo líder do Partido Socialista justificou a presença ao dizer que não era do seu "temperamento ficar em casa quando alguma coisa de tão importante se decide" e por lhe dizer respeito. Por outro lado, deixou também críticas ao Ministério Público (MP).

"Ao longo destes meses, o jornalismo português, por influência do MP, tentou condicionar a decisão do tribunal. Fê-lo ao longo de vários meses e com a cumplicidade e o silêncio de todas as instituições, porque o juiz foi acusado de ser o juiz dos poderosos e dos amigos de Sócrates. Acontece que nenhuma instituição, daquelas a quem compete defender a liberdade dos tribunais e dos juízes, teve a mínima intervenção e foram cúmplices no silêncio", frisou.

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Reiterando a sua vontade de "lutar pela inocência", José Sócrates visou também o presidente do Conselho Superior de Magistratura (CSM), António Joaquim Piçarra, que, em entrevista à Lusa, assumiu que a decisão deste processo terá repercussões na justiça e na política portuguesa.

"O presidente do Conselho Superior da Magistratura, órgão a quem compete defender a liberdade dos juízes e a independência dos tribunais, teve um comportamento inaceitável. Pronunciou-se sobre matérias em discussão no processo Marquês; ainda ontem ou anteontem deu uma entrevista tentando minimizar a fase de instrução", afirmou, considerando esse comportamento "inaceitável".

O ex-primeiro ministro José Sócrates está acusado desde 2017, na operação Marquês, de 31 crimes de corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal, num processo com 28 arguidos e que já dura há sete anos.

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