Procura global de eletricidade vai crescer 3,3% em 2025 e 3,7% em 2026, diz AIE

As principais razões são as ondas de calor cada vez mais frequentes em várias regiões do mundo, que levam a um maior uso do ar condicionado, maior procura para a indústria ou para o funcionamento de eletrodomésticos, a expansão dos centros de dados e a tendência para a eletrificação, por exemplo, do transporte.
Pascal Rossignol
Lusa 30 de Julho de 2025 às 16:44

A procura global de eletricidade vai crescer 3,3% em 2025 e 3,7% no próximo ano, uma desaceleração face ao aumento de 4,4% em 2024, mas muito acima da média de 2,6% na década anterior.

Num relatório de atualização das suas previsões divulgado esta quarta-feira, a Agência Internacional de Energia (AIE) destaca que os aumentos no consumo de eletricidade em 2025 e 2026 irão mais do que duplicar os crescimentos da procura global de energia.

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As principais razões são as ondas de calor cada vez mais frequentes em várias regiões do mundo, que levam a um maior uso do ar condicionado, maior procura para a indústria ou para o funcionamento de eletrodomésticos, a expansão dos centros de dados e a tendência para a eletrificação, por exemplo, do transporte.

A maior parte desse aumento vai concentrar-se nas economias emergentes da Ásia.

A China e a Índia, sozinhas, representarão 60% do aumento do consumo de eletricidade entre este ano e o próximo.

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Na China, espera-se um aumento de 5% em 2025 (contra 7% em 2024) e de 5,7% em 2026. Na Índia, a previsão é passar de 6% em 2024 para 4% em 2025 e 6,6% em 2026.

Nos Estados Unidos, o principal vetor de expansão são os centros de dados. O aumento na procura elétrica deve acelerar de 2,1% no ano passado para 2,3% neste exercício e 2,2% no próximo.

A situação deve ser bastante diferente na União Europeia (UE), que sofreu uma contração na procura industrial em 2022 e 2023, no contexto da escalada de preços com o início da guerra na Ucrânia.

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A AIE calcula que, após um aumento de 1,6% no consumo de eletricidade na UE em 2024, a progressão deve ser de 1,1% em 2025 e 1,5% em 2026.

É verdade que os preços por grosso da eletricidade caíram entre 30% e 40% na primeira metade deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, mas, embora estejam, em média, abaixo dos níveis elevados atingidos em 2023, continuam superiores aos de 2019, antes da crise da covid.

E, o que é mais importante para o funcionamento da economia, os preços que a indústria na UE precisa pagar pela eletricidade duplicam os dos Estados Unidos e são significativamente superiores aos da China.

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Essas diferenças continuam a ser um sério problema de competitividade para as empresas europeias, especialmente as que são intensivas em eletricidade.

Cerca de 90% do aumento na procura mundial de eletricidade neste ano será fornecido pela geração eólica e solar foto voltaica.

Embora a agência reconheça que ainda há uma certa margem de incerteza devido às condições meteorológicas e à evolução económica nos próximos meses, a AIE prevê que 2025 pode ser o primeiro ano em que as renováveis superem o carvão como principal fonte de geração de eletricidade no mundo.

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A participação do carvão passará a ser inferior a 33% pela primeira vez em mais de um século, enquanto a energia eólica e solar fotovoltaica, somadas, representarão neste ano 17%, contra 15% em 2024, e essa percentagem subirá para quase 20% em 2026.

Paralelamente, a produção de energia nuclear deve atingir um novo recorde em 2025 e continuará a crescer em 2026, devido à retoma das atividades em diferentes reatores no Japão, ao aumento da geração nas fábricas dos Estados Unidos e França, além da entrada em funcionamento de novos reatores na China, Índia, Coreia do Sul e outros países.

No conjunto, a energia nuclear deve crescer a uma taxa homóloga de 2% no período de 2025 a 2026, podendo alcançar cerca de 3.000 terawatts-hora.

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