Suiça pode deixar de ser um paraíso fiscal para o milionários estrangeiros

A Suiça tem sido o "paraíso fiscal" para milionários famosos como o ex-piloto de fórmula 1, Michael Schumacher, o fundador da cadeia sueca IKEA, Ingvar Kamprad, ou mais recentemente o cantor francês Johnny Hallyday. Ou como lhe chamou o socialista francês
Ana Luísa Marques 19 de Janeiro de 2007 às 15:00

A Suiça tem sido o "paraíso fiscal" para milionários famosos como o ex-piloto de fórmula 1, Michael Schumacher, o fundador da cadeia sueca IKEA, Ingvar Kamprad, ou mais recentemente o cantor francês Johnny Hallyday. Ou como lhe chamou o socialista francês, Arnaud Montebourg, "o paraíso da aristocracia financeira". Mas este paraíso poderá ficar menos atractivo.

Até hoje, os cerca de 3.600 milionários estrangeiros a viver na Suiça pagavam apenas impostos com base nos seus gastos em alugueres ou créditos, o que em média rondava os 250 mil francos suíços (cerca de 154,7 mil euros) anuais. É que ao contrário do que acontece com os milionários naturais da Suiça, os estrangeiros que se mudam para o país não têm que declarar os seus rendimentos – os suíços só podem beneficiar desta medida se estiverem fora do país dez anos ou se tiverem este período de tempo sem trabalhar .

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Para alterar esta situação, estão hoje reunidos em Berna os responsáveis das finanças das 26 regiões da Suiça, sendo que uma das soluções que vai estar em discussão passa pela duplicação do valor da taxa de imposto.

Ou seja, dos actuais 250 mil francos suíços, os milionários passariam a pagar cerca de 600 mil francos suíços (cerca de 371,3 mil euros). "Um valor muito mais realista", diz Kurt Stalder, responsável das finanças da região de Lucerna. No entanto, Stalder adianta que nesta reunião não irão ser "discutidos números" mas sim "uma forma de conseguir uma revisão do actual sistema". "Tem havido discussões sobre duplicar o valor mas pode ser mais ou menos", diz Kurt Stalder citado pela agência Bloomberg.

A polémica em torno desta questão rebentou no mês passado quando o cantor francês Johnny Hallyday anunciou que se ia mudar para a estância de esqui Gstaad precisamente para pagar menos impostos. Hallyday, de 63 anos, conseguiu negociar com o cantão de Berna uma redução na taxa de imposto, sendo que para beneficiar desta medida o cantor tem que passar apenas seis meses e um dia por ano na estância de esqui suíça.

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O debate foi levantado no passado dia 9 de Janeiro por Doris Leuthard, ministra suíça da Economia. Leuthard considera que o actual sistema é "injusto e discriminatório" para os milionários suíços. O tenista suíço Roger Federer paga 10 vezes mais impostos que os milionários suíços a viver no país, exemplifica a governante.

"O paraíso fiscal da aristocracia financeira é o inferno da classe trabalhadora", defende Arnaud Montebourg. Para Hans-Juerg Fehr, presidente do partido social democrata suíço, o país não deve "oferecer excepções aos milionários estrangeiros".

Mas mesmo que hoje os responsáveis da finanças decidam alterar a actual lei, poderá levar "vários meses" para que se comece a discutir uma solução, diz Stalder. Se decidirem não alterar, o caso é encerrado. "A medida é muito controversa entre os responsáveis das finanças. Se a opção foi não avançar o debate não deve continuar de forma nenhuma". E as estâncias de esqui suíças vão continuar povoadas por nomes tão sonantes como Michael Schumacher, Ingvar Kamprad, ou o antigo James Bond, Roger Moore.

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