Vítor Bento: Subir o salário mínimo não é "necessariamente uma má medida"
O economista Vítor Bento considerou nesta terça-feira, 5 de novembro, que o aumento do salário mínimo nacional "não é necessariamente uma má medida", admitindo que isso faça com que as pequenas e médias empresas se reestruturem.
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"Num contexto de pleno emprego, ou quase pleno emprego, o aumento administrativo do salário mínimo não é necessariamente uma má medida, porque pode forçar a reestruturação das pequenas e médias empresas"", afirmou Vítor Bento, numa conferência sobre o Orçamento do Estado para 2020.
Para o chairman da SIBS, a subida do salário mínimo pode pressionar as pequenas e médias empresas, que representam uma parte significativa da estrutura empresarial da economia portuguesa, a aumentarem a sua produtividade e, consequentemente, a subir os salários.
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A declaração motivou gerou o debate de outros economistas presentes na conferência, como Pedro Braz Teixeira. O diretor de estudos do Fórum para a Competitividade, um dos organizadores da conferência, lembrou a diferença entre o aumento do salário mínimo nacional e a subida da produtividade. Na última legislatura, lembrou, o salário mínimo cresceu 14%, enquanto a produtividade ficou pelos 7%. "É por isso que o salário médio não cresceu", afirmou Pedro Braz Teixeira.
Para o economista, esse ritmo de crescimento é baixo, sobretudo quando comparado com os países do leste da Europa.
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Da plateia surgiu depois uma questão de Mira Amaral, economista e ex-ministro, que quis saber se o impacto na produtividade pelo aumento do salário mínimo decorre de uma "limpeza" de empresas sem capacidade de absorver esse aumento da economia.Na resposta, Vítor Bento admitiu não ter certezas sobre o assunto, considerando, aliás, que é "muito provável" que a subida do salário mínimo resulte num aumento do salário mínimo nacional. "Todas as transições têm custos", disse.
Subir o salário mínimo só com descida da TSU?No entanto, para atenuar o peso que a subida do salário mínimo nacional pode vir a ter nas empresas, o Fórum para a Competitividade propõe aos patrões que só aceitem esse aumento com "duas cláusulas de salvaguarda": caso o desemprego suba além dos 7% a subida do salário mínimo é interrompida e a TSU paga pelas empresas deve descer no interior do país.
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Esta última proposta mereceu críticas de Mira Amaral: "Não devemos mexer na Segurança Social, que já tem tantos problemas", afirmou.
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