Banco de Portugal: atividade económica caiu 14,8% no dia do apagão

Incidente que deixou país sem eletricidade durante cerca de 12 horas fez cair a economia 14,8% nesse dia, num ritmo semelhante ao dos primeiros desconfinamentos da pandemia. Dados do BdP mostram que atividade está a recuperar de efeito pontual.
António Pedro Santos
Susana Paula 08 de Maio de 2025 às 12:38

A atividade económica diminuiu 14,8% no dia do "apagão", operando assim a um nível semelhante ao do final de maio de 2020, quando Portugal começou a sair, aos poucos, do primeiro confinamento decretado pela pandemia de covid-19.

O Banco de Portugal (BdP) divulgou nesta quinta-feira, 8 de maio, o indicador diário de atividade económica, indicando que no dia 28 de abril, data do incidente elétrico que deixou Portugal continental e Espanha sem eletricidade durante cerca de 12 horas, a economia portuguesa recuou 14,8%.

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O valor é elevado e é preciso recuar a 28 de maio de 2020 para encontrar um dia em que a atividade económica tenha recuado tanto. Nessa altura, Portugal estava a dar os primeiros passos depois do primeiro confinamento massivo da covid-19. Já alguns serviços tinham aberto, mas ainda havia várias restrições, com os ATL, por exemplo, a abrirem portas apenas em junho - com impacto na produtividade, por exemplo, dos trabalhadores com filhos. 

Recorde-se que nos primeiros dias do confinamento, a economia chegou a cair a ritmos superiores a 20% por dia - mantendo-se nessa tendência durante o período de fortes restrições de movimento e da propria atividade económica.

Agora, o indicador do BdP mostra que este foi um fator pontual, com a atividade a recuperar no dia seguinte, embora para valores ainda negativos.

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Após o apagão, a atividade económica ainda caiu dois dias, -4,2% no dia 29 e -1 no dia 30 de abril, voltando aos valores positivos no 1.º de maio, crescendo 2%.

No entanto, o indicador diário é bastante volátil e, por isso, o BdP apresenta também os dados de atividade numa média semanal, para alisar os efeitos essa volatilidade. Assim, na semana terminada a 1 de maio (o dia mais recente e que engloba o apagão), a atividade económica recuou 3,8%.

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O valor revela, ainda assim, uma ligeira melhoria face às semanas anteriores (na semana terminada a 27 de abril, a queda foi de 5,1%).

Por outro lado, e se se considerar os indicadores correspondentes a todos os dias já conhecidos do segundo trimestre, ou seja, desde 1 de abril a 4 de maio, a economia portuguesa está muito perto da estagnação (a média põe a atividade económica diária nos 0,3%). Além disso, em claro abrandamento face ao mês de março, onde a atividade cresceu, em média, 1,2%.

Este indicador, que foi criado na pandemia, dá uma visão de vários indicadores diários chamados de 'alta frequência' - como tráfego de veículos pesados, o desembarque de mercadorias nos aeroportos, as compras com cartões e o consumo de eletricidade e gás.

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Por isso,  permite traçar, em tempo real, um quadro da evolução da atividade económica no país - mas não pode ser interpretado como uma leitura direta do andamento do PIB. 

(Notícia atualizada com mais informação pelas 12:50)

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