Endividamento da economia portuguesa dispara para máximo nos 740 mil milhões
As dívidas acumuladas pelas famílias, empresas e Estado subiram pelo segundo mês consecutivo para um recorde histórico de 740 mil milhões de euros.
O endividamento do setor não financeiro da economia portuguesa, que diz respeito às dívidas acumuladas pelas famílias, empresas e pelo Estado - subiu 6,27 mil milhões de euros entre abril e maio deste ano para os 740,695 mil milhões de euros, o que representa um recorde, de acordo com os dados revelados nesta terça-feira pelo Banco de Portugal (BdP).
Desse montante total, 333,685 mil milhões dizem respeito ao endividamento no setor público, enquanto que os restantes 407,010 mil milhões são referentes ao setor privado. De acordo com o BdP, registou-se um acréscimo de 3,6 mil milhões de euros do endividamento do setor público e de 2,7 mil milhões de euros do endividamento do setor privado.
Assim, pelo segundo mês consecutivo, a economia portuguesa rasga um novo máximo histórico, depois de em abril ter registado um endividamento de 734,425 mil milhões de euros, altura em que a pandemia mais se fez sentir na carteira dos portugueses.
Em apenas dois meses, o endividamento do setor não financeiro subiu 17,529 mil milhões de euros. Desde o início do ano, esse aumento é de 21,972 mil milhões. Este foi o segundo mês consecutivo em que o endividamento subiu, tendo registado, no mês anterior, a maior subida mensal desde maio de 2012 - quando a crise da dívida soberana abalava o sul da Europa e obrigava Portugal a pedir um resgate financeiro à Troika (no ano anterior).
Em maio, a subida do endividamento do setor público deveu-se, em parte, ao crescimento do endividamento face ao setor financeiro (3,2 mil milhões de euros) e face às próprias administrações públicas (1,3 mil milhões de euros). Contudo, realça-se uma diminuição do endividamento face ao exterior (mil milhões de euros).
No setor privado, o endividamento das empresas aumentou 2,6 mil milhões de euros, sobretudo através da subida do endividamento face ao setor financeiro (2,2 mil milhões de euros). O endividamento dos particulares face ao setor financeiro registou um acréscimo de 0,1 mil milhões de euros.
Microempresas são as mais prejudicadas O impacto da atual pandemia no endividamento das empresas é mais visível nas empresas de pequena dimensão, do que nas empresas de grande dimensão.
Entre março e maio, as microempresas - as que têm menos de 10 trabalhadores ao serviço - acumularam dívidas de 3,577 mil milhões de euros, que compara com o endividamento acumulado de 564 milhões de euros registado pelas grandes empresas, que até reduziram o endividamento em abril.
Este é também um valor histórico de endividamento acumulado pelas microempresas num só mês.
As restantes empresas de pequena e média dimensão registaram subidas nestes dois meses. Entre março e maio, as empresas de pequena dimensão acumularam 985 milhões em dívidas e as de média dimensão 418 milhões de euros.
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