Exportações de bens disparam 14,3% em setembro e crescem acima das importações
INE revela que, no mês em que o novo acordo comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos entrou em vigor, as exportações portuguesas de bens aumentaram 14,3%, enquanto as importações subiram 9,4%. Défice comercial teve um desagravamento de 59 milhões.
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As exportações portuguesas de bens cresceram, em termos homólogos, 14,3% em setembro, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados esta segunda-feira. O disparo nas exportações deu-se depois de o novo acordo comercial entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos ter entrado em vigor, pondo fim à incerteza criada pela "guerra de tarifas".
O acordo, assinado entre a UE e os Estados Unidos, entrou em vigor a 1 de setembro e prevê um teto máximo de 15% de tarifas que os norte-americanos podem aplicar sobre produtos europeus, com exceção de uma lista de produtos em regime especial. Entre estes produtos estão aeronaves, medicamentos genéricos, produtos químicos e cortiça, sendo que este último é especialmente relevante para Portugal, que é o maior exportador mundial deste produto.
Os dados do INE revelam agora que, nesse mês, o crescimento das exportações superou o das importações de bens e inverteu a tendência negativa dos três meses anteriores. Ao todo, Portugal exportou 7.236 milhões de euros em mercadorias, o que compara com 6.333 milhões de setembro do ano passado. Já as importações aumentaram 9,4%, para 9.824 milhões.
A evolução é, no entanto, menos positiva quando excluídas as transações sem transferência de propriedade (ou seja, com vista ou na sequência de trabalhos por encomenda, com vista ao processamento ou transformação de bens pertencentes a outros países). Sem contar com esse tipo de trabalhos, as exportações aumentaram 3,6%, enquanto as importações registaram um acréscimo superior: de 10,1%. Em ambos os fluxos, tinham sido registadas variações negativas em agosto.
Com as exportações a crescerem acima das importações, registou-se um desagravamento do défice comercial em setembro. Segundo o INE, o défice da balança comercial de bens atingiu 2.588 milhões de euros em setembro, o que corresponde a menos 59 milhões face ao mesmo mês do ano anterior. No entanto, quando excluídos os trabalhos por encomenda, o défice totalizou 3.014 milhões, mais 645 milhões do que há um ano.
Apesar do acordo com os Estados Unidos, foi a Alemanha que mais contribuiu para o acréscimo das exportações em setembro. As exportações para aquele que é o segundo maior cliente português dispararam 97,5%, "essencialmente na categoria de fornecimentos industriais, tratando-se sobretudo de produtos químicos, mais precisamente medicamentos". Esse disparo deveu-se sobretudo aos trabalhos por encomenda. Quando excluído esse tipos de trabalhos, o acréscimo foi de 14,7%.
No que toca às importações, são de destacar os acréscimos das importações provenientes do Brasil (+99,6%), "maioritariamente óleos brutos de petróleo", e da Irlanda (+337,3%), "sobretudo fornecimentos industriais, nomeadamente transações com vista a trabalho por encomenda (sem transferência de propriedade) de produtos químicos". É também de salientar o aumento de 93% das importações dos Estados Unidos, "essencialmente de combustíveis e lubrificantes".
Em sentido contrário, destaca-se o decréscimo das importações dos Países Baixos (-36,3%), principalmente de fornecimentos industriais, tratando-se maioritariamente de transações com vista a trabalho por encomenda" de produtos químicos.
Sem contar com combustíveis e lubrificantes, as exportações de bens aumentaram 15,4%, "refletindo uma diminuição nas transações desta categoria de produto", e as importações subiram 6,8%.
No que toca aos preços das mercadorias transacionadas, voltou a observar-se uma queda em setembro, "embora de menor magnitude" face a agosto. O índice de valor unitário das exportações caiu 1,2%, ao passo que o das importações diminuiu 2,1%.
(notícia atualizada às 12:02)
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