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Absentismo: Como a quinta vaga afetou os diferentes setores

O absentismo criado por uma variante “mais leve” mas mais contagiosa obrigou a cancelar voos, suprimir comboios, fechar lojas, travar a produção de linhas de montagem e recorrer a horas extraordinárias. Os setores falam de um impacto moderado sem revelarem, contudo, dados completos sobre o número de baixas ou isolamento

Miguel Baltazar
04 de Fevereiro de 2022 às 10:00
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Transportes públicos

A alteração de escalas tem permitido, segundo a CP, enfrentar a quinta vaga sem “grandes constrangimentos”. Embora não dê dados absolutos, a empresa revela que entre 14 de dezembro e 9 de janeiro “suprimiu 26 comboios e encerrou oito bilheteiras durante um dia e quatro bilheteiras durante dois dias não consecutivos, devido à covid-19”, que compara com 1.350 comboios em dia útil e 830 em fins de semana e feriados. A Carris diz que tem agora 5,2% dos trabalhadores infetados ou em isolamento e que desde 15 de janeiro que a operação foi retomada sem qualquer falha. Já do Metro de Lisboa não foi possível obter uma resposta até ao fecho da edição.

Comércio

“Esta questão das pessoas isoladas está a causar bastantes problemas”, diz João Vieira Lopes, da Confederação do Comércio (CCP), que defende a redução do período de isolamento para cinco dias. “Há muitas pequenas empresas que têm fechado alguns dias, no comércio, restauração, nos cabeleireiros, tudo o que é serviços ao consumidor.” Mesmo nos supermercados “há problemas de reposição de produtos nas prateleiras”. Há ainda problemas no abastecimento por falhas nas entregas por parte dos transportadores: “Se é difícil arranjar motoristas, quanto mais substitutos”, indica. No entanto, também é verdade que “faltam consumidores” devido à “mobilidade restringida”.

Transporte de passageiros

“Ainda não tivemos ruturas, mas picos de absentismo”, resume Luís Cabaço Martins, presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros. O último pico foi no mês passado, já com a variante Ómicron, menos severa mas não menos geradora de absentismo. No caso concreto de uma das empresas do setor houve, no mês passado, 89 motoristas em isolamento ou baixa por doença covid-19, 15% no total. O que compara com 53 ausências há um ano. “Primeiro começa por se fazer uma gestão mais criteriosa dos recursos, depois aumenta-se um bocadinho o trabalho suplementar.”

Aviação

Sucederam-se as notícias sobre supressão de voos por parte da TAP, associados às ausências por covid-19. Questionada, a companhia diz apenas que “ajustou a sua operação para fazer face ao pico de absentismo das tripulações, cuja disponibilidade foi afetada pela nova variante do coronavírus, o que levou ao cancelamento de alguns voos”. O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) também não revela números globais, mas sublinha que defendeu a testagem periódica aos tripulantes “e não apenas quando o destino assim o exigisse”. O sindicato tem defendido o fim das medidas que reduzem o período normal de trabalho.

Vigilância

Entre as empresas de vigilância começa a haver alguma preocupação por causa do aumento de casos de covid-19, isolamento e baixas para assistência à família. A Associação de Empresas de Segurança (AES) veio alertar esta semana para o que considera ser um “risco iminente de não haver vigilantes suficientes para a segurança e vigilância de instalações como aeroportos, hospitais, centros de saúde e também abastecimento de caixas multibanco”. A associação diz que se registam atualmente “níveis de absentismo nunca antes vistos, numa atividade já de si carenciada de profissionais” e considera que a situação “tende a agravar-se com o pico da pandemia”.

Lojas de cidadão

Apesar das dificuldades amplamente relatadas na gestão de áreas setoriais como a saúde e a educação, o Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública considera que, de uma forma geral, os serviços públicos “se mantêm a funcionar com normalidade”. Nas Lojas de Cidadão, foram feitos 6.559 testes nos últimos dois meses e detetados “apenas 86 casos positivos”. “Apenas um serviço de uma destas lojas esteve encerrado durante três dias, na primeira semana de janeiro, tendo entretanto reaberto”, diz fonte oficial, sem revelar números totais relativos ao absentismo ou às baixas por doença ou isolamento.

Indústria

“Na indústria isto é cada vez mais tecnológico: se faltam duas ou três pessoas que se especializaram a trabalhar com aquelas máquinas, o desempenho dos equipamentos fica comprometido”, diz Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP). Nalgumas empresas “os níveis de absentismo, dependendo dos dias, têm estado entre os 10 e os 30%”, concretiza Mário Jorge Machado, da Associação Têxtil de Portugal (ATP). “Pode estar uma parte da linha de produção a funcionar em pleno – corte e a confeção, por exemplo – mas, se no embalamento faltarem 20% das pessoas, toda a linha funciona à velocidade do elo mais lento.”

Limpeza urbana

Os casos de covid também chegaram às equipas da limpeza urbana de Lisboa, mas a organização que tem vindo a ser posta em prática desde o início da pandemia ajudou a reduzir as falhas na engrenagem. “Não tem sido preciso manter equipas em espelho, mas optámos por reduzir alguns serviços, fazendo, por exemplo, menos lavagens”, explica Filipa Mendes, a responsável pela área da limpeza urbana em Santo António, uma das principais freguesias do centro de Lisboa. A recolha do lixo é da competência da câmara, que no início do ano chegou a suspender a recolha de lixo volumoso. Esse serviço está já de novo a ser prestado e quando é preciso, há apoio por parte das juntas, acrescenta Filipa Mendes.

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