DST conta percorrer Portugal com “vivos nas livrarias”
Na bracarense Rua de Pitancinhos, o campus-sede do grupo DST é um autêntico museu a céu aberto: numa área superior a um milhão de metros quadrados, por entre uma miríade de fábricas, encontram-se espalhadas mais de duas mil obras de arte.
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E imensas instalações artísticas, um avião suspenso por cabos de aço, "spots" que convidam à meditação, à contemplação e à leitura.
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Inspirado por escritores, poetas e filósofos, como Pascal, Nietzche ou Espinoza, o presidente do grupo mandou serigrafar caminhos, corredores e fachadas da DST com algumas icónicas máximas, como uma famosa de Samuel Beckett - "Não interessa. Tenta de novo. Falha de novo. Falha melhor", que está inscrita num mural do complexo empresarial.
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Ou esta, de Bernardo Soares, semi-heterónimo de Fernando Pessoa, que se pode ler num criativo contentor: "Vivemos todos neste mundo a bordo de um navio, saído de um porto que desconhecemos para um porto que ignoramos. Devemos ter uns para com os outros uma amabilidade de viagem."
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Desenvolvendo a sua actividade nas áreas de engenharia e construção, ambiente, energias renováveis, telecomunicações, imobiliário e "ventures", e que quase firmou a aquisição da Efacec, o grupo DST é também conhecido por ser um dos maiores mecenas da Cultura em Portugal, com um orçamento que rivaliza com o das maiores fundações nacionais.
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Uma realidade que se reflecte de forma mais visível na sua assinatura de marca "building culture".
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Com um efectivo da ordem das três mil pessoas e uma faturação de aproximadamente 500 mihões de euros, o grupo DST promove dois prémios literários e outro de fotografia, entre muitas outras iniciativas culturais, com o seu presidente a defender a simbiose entre a economia e a cultura, acreditando que esta constitui o fator de diferenciação para tornar o grupo que lidera - desde a morte do pai, em 2010 - mais competitivo.
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"A cultura é a salvação da economia", defendeu José Teixeira, ainda recentemente, em declarações ao Negócios.
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Contribuir para a descentralização da cultura
Nesse sentido, eis que o grupo DST anuncia hoje que vai promover mais uma iniciativa literária. Trata-se da "dst – vivos nas livrarias", um projeto que classifica como "pioneiro e inédito a nível nacional", cujo objetivo principal é, mensalmente, levar autores portugueses a lerem contos das suas obras nas "livrarias que resistem" nas cidades de todo o país.
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Dinamizado pela Associação Palavrão, conta com a curadoria de Jacinto Lucas Pires e será lançado no âmbito do primeiro Festival Literário da cidade de Braga, o Utopia, que decorrerá entre 2 e 12 de novembro.
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A esta grande ambição de "fundar uma tradição de leituras públicas em Portugal", o grupo DST quer "juntar o apoio a escritores e a livrarias independentes, contribuindo, assim, para a descentralização da cultura".
"Nada se equipara a um livro, a um conto bem escrito, a uma história bem contada. A nossa iniciativa pretende apoiar estas livrarias, que ainda sobrevivem, num mundo cada vez mais digital. Queremos levar a magia do som dos livros aos leitores e nomeadamente aos jovens leitores para que se leia com paixão e oportunidade de salvação, para poder seduzir quem lê com as vidas dos personagens dos romances, a sabedoria dos filósofos e o encantamento dos poetas", afirma José Teixeira.
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"Aceitamos começar pelos contos. Acreditamos que funcionará porque a pesca de leitores depende da escolha das redes e quando o leitor é pescado, ficará mais livre e ficará leitor para sempre", afiança o presidente da DST.
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Durante uma "temporada" do projeto, serão levados 22 escritores e 11 moderadores a diferentes livrarias independentes de norte a sul do país.
"De Braga a Évora, do Algarve à Beira Interior, haverá leituras de diferentes contistas a provar que o conto, afinal, é um género maior — vozes originais, únicas, inspiradoras."
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"A literatura é que é a melhor ‘tecnologia’ de teletransporte"
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"Queremos fundar uma tradição com a leitura de contos em público, a par do que já vai acontecendo noutros países como o Reino Unido, a Alemanha e os Estados Unidos, onde os escritores leem regularmente as suas obras em público. Esta é uma oportunidade de a literatura se cruzar também com a cidade, de o íntimo se cruzar com o público e de as palavras ganharem um movimento novo, maior, partilhável", explicar o escritor Jacinto Lucas Pires.
As primeiras sessões estão marcadas para 4 e 8 de novembro, pelas 18 horas, na livraria Centésima Página, em Braga, com participações especiais de Rui Manuel Amaral e Ana Cláudia Santos, respetivamente.
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"Depois dos isolamentos forçados pela pandemia, este tipo de iniciativas ainda parece mais necessário, ainda mais urgente, até porque, como a pandemia veio revelar, o confinamento antes de o ser já o era. A literatura é que é a melhor ‘tecnologia’ de teletransporte: dá-nos a possibilidade de ser outros, de saltar mundos, de ver a realidade de outro lado", enfatiza o curador de "dst – vivo nas livrarias".
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Segundo o promotor, esta iniciativa também surge como "uma possibilidade de os escritores darem a conhecer o que escrevem, na primeira pessoa, sendo que, do lado dos leitores, é uma oportunidade única de conhecerem a voz por trás da escrita, da história e dos personagens".
Por outro lado, "as sessões são ainda um modo de se conversar sobre o que acontece nos textos com conhecimento de causa: a quente, com as imagens ainda mal desfeitas no espaço da leitura, no ar em volta", conclui-se.
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Para além do lançamento de "dst - vivos nas livrarias", o grupo bracarense, que é um dos mecenas do Festival Utopia, sinaliza "mais dois momentos imperdíveis", ambos a acontecer no a 11 de Novembro: "O primeiro decorrerá no Espaço Vita e será uma oportunidade imperdível de assistir a uma sessão com um dos maiores pensadores, filósofos e teóricos da atualidade, Gilles Lipovetsky; seguindo-se um concerto no Theatro Circo com Mallu Magalhães, a terminar num after party com DJ Amadeu Clasen e Monte, no Oboé."
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