Dois mortos em operação da polícia turca, magistrado refém gravemente ferido
Dois militantes de um grupo turco de extrema-esquerda clandestino, que esta terça-feira mantiveram como refém um procurador durante várias horas, foram mortos pela polícia e o magistrado gravemente ferido durante a operação, disse um responsável oficial.
"O procurador está em estado grave (...) os dois terroristas foram mortos", declarou aos jornalistas o governador de Istambul, Selami Altinok, assegurando que efectuaram "todas as tentativas" para obter a rendição sem violência dos sequestradores.
"Fomos pacientes durante seis horas e fizemos todo o possível, mas lamentavelmente escutámos disparos desde a sala dos terroristas e a polícia lançou a operação", disse.
Mehmet Selim Kiraz , o procurador turco responsável pelo inquérito à morte de um jovem durante as manifestações antigovernamentais na Turquia em 2013, foi feito hoje refém no final de manhã da hoje num tribunal de Istambul por homens armados.
No decurso da tomada do refém ouviram-se disparos no interior do palácio da justiça de Caglayan, na zona europeia de Istambul.
A acção foi reivindicada pelo grupo marxista clandestino Partido/Frente revolucionária de Libertação do Povo (DHKP-C), conhecido pelo seu envolvimento em diversos ataques e atentados na Turquia nos últimos anos.
Uma foto de origem desconhecida e publicada na rede social Twitter mostrava o procurador, Mehmet Selim Kiraz, sentado numa cadeira com uma pistola apontada à têmpora direita e empunhada por um homem cuja cara não surge na foto, enquanto um outro homem exibia o bilhete de identidade do magistrado.
Os 'media' turcos referiram na ocasião que o grupo emitiu um ultimato até às 15:36 horas locais (13:36 em Lisboa), para que o procurador identificasse os agentes da polícia envolvidos na morte de Berkin Elvan. Caso contrário, ameaçavam executá-lo. No entanto, o ultimato acabou por não ser cumprido.
O manifestante morreu em Março de 2014 após 269 dias em coma devido aos ferimentos infligidos pela polícia durante os protestos antigovernamentais no início do verão de 2013.
Os sequestradores também exigiam uma "confissão em directo" dos responsáveis pela agressão ao estudante, e que deveriam comparecer perante um "tribunal popular". Forças especiais da polícia cercaram de imediato o edifício onde o procurador foi feito refém.
Elvan não resistiu aos ferimentos após ter sido atingido por uma cápsula de gás lacrimogéneo durante os protestos do início do verão de 2013 contra o governo do actual Presidente turco Recep Tayyip Erdogan, então primeiro-ministro.
A sua morte aos 15 anos motivou novos protestos a nível nacional, que voltaram a ser reprimidos pela polícia turca.
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