Menos de um em cada três portugueses estão a poupar para a reforma
Valor médio poupado mensalmente subiu no ano passado, mas o destino desse aforro só é a reforma para 32% dos inquiridos, revela um estudo do Instituto BBVA de Pensões.
Os portugueses gostariam de se reformar aos 61 anos, dizem que precisariam do dobro da pensão que vão receber, mas apenas 32% estão a poupar para esse momento, de acordo com uma sondagem do Instituto BBVA de Pensões.
"Os portugueses desejariam reformar-se aos 61,1 anos, apesar de acreditarem que não o poderão fazer com essa idade e terão de esperar até aos 65,4 anos, idade em que em média creem que realmente se reformarão, estabelecendo-se um diferencial de 4,3 anos entre ambas", refere o estudo divulgado hoje.
Cerca de 70% dos inquiridos não acredita que possa viver sem dificuldades, no entanto, segundo o Instituto BBVA de Pensões, apenas 32% estão atualmente a poupar para a reforma.
"Os motivos para não poupar para a reforma são tanto a falta de capacidade de poupança, como também por considerarem que ainda falta muito tempo para se reformarem", sinaliza.
O principal instrumento financeiro utilizado para canalizar a poupança para a reforma foram os Planos Poupança Reforma (PPR), e a idade média em que se começou a poupar para a reforma aumentou ligeiramente para 27,5 anos em vez de 26,1 anos em 2015.
No que se refere a hábitos de poupança, em 2016, a percentagem de portugueses que conseguiu poupar manteve-se estável em relação a 2015, contando com 43% de aforradores, "ratificando o aumento que se tinha observado na sondagem do ano anterior (45%)".
A média mensal de poupança dos aforradores foi de 166,4 euros, valor em 30,3 euros superior ao de 2015. No entanto, sinaliza o estudo, 46% dos aforradores não atinge 150 euros de poupança mensal.
A sondagem sinaliza ainda "um importante desconhecimento" sobre a percentagem do salário que é afeta a descontos para a Segurança Social (contribuições próprias e da empresa), com 43% a afirmar que não sabe.
No entanto, aqueles que afirmam conhecer esse valor situam em 17,4% a percentagem média estimada de contribuição, situando-se abaixo da percentagem real total de 34,75% efetivamente descontada no conjunto pelo trabalhador e pela empresa.
Por outro lado, 81% dos trabalhadores por conta de outrém ou independentes afirmam conhecer de forma exata ou aproximada, o número de anos das contribuições já efetuadas para a Segurança Social.
A pensão média em Portugal é desconhecida de 52% dos entrevistados e o valor médio atribuído pelos 42% que que afirmam conhecer esse valor foi de 366,5 euros, sendo que apenas 39% a situam acima dos 400 euros.
Os inquiridos acreditam que para viver sem dificuldades necessitariam, no entanto, de 967,8 euros mensais, estabelecendo-se um diferencial de 601,3 euros face ao que é a pensão média que atribuem em Portugal.
O Instituto BBVA de Pensões conclui assim que "existe a convicção que a pensão pública não será suficiente para cobrir as necessidades".
Quanto a expetativas, a sondagem refere que os portugueses têm uma "clara consciência" de que o contributo que possam receber das pensões públicas não será suficiente para cobrir a suas necessidades económicas quando se reformarem.
Quanto a alternativas, as mais valorizadas para melhorar o sistema público de pensões seriam, segundo o estudo, que cada trabalhador tivesse a sua própria conta individual na qual fosse acumulando as suas contribuições ao longo da vida laboral (64%), ou que cada qual decidisse livremente a idade da reforma e recebesse em função dessa decisão, mais ou menos de acordo com o que foi contribuindo (79%).
De acordo com a ficha técnica da sondagem, para a realização do estudo foram realizadas 1.000 entrevistas telefónicas dentro do universo da população portuguesa residente em Portugal entre os dias 04 de outubro e 02 de novembro de 2016.
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