Miranda Sarmento avisa que a dívida pública "ainda é um dos calcanhares de Aquiles" da economia
O alerta sobre a necessidade de manter o equilíbrio orçamental, pelas suas implicações na trajetória da dívida da República portuguesa, foi deixado hoje em Lisboa por Joaquim Miranda Sarmento, na véspera do início da votação da proposta do Orçamento do Estado para 2026 (OE2026).
- 4
- ...
A dívida pública "ainda é um dos calcanhares de Aquiles" da economia e é preciso manter o controlo das contas públicas, mesmo que em 2026 o endividamento já deva ficar abaixo da média do euro, avisa o ministro das Finanças.
O alerta sobre a necessidade de manter o equilíbrio orçamental, pelas suas implicações na trajetória da dívida da República portuguesa, foi deixado esta quarta-feira em Lisboa por Joaquim Miranda Sarmento, na véspera do início da votação da proposta do Orçamento do Estado para 2026 (OE2026).
"O equilíbrio das contas públicas é muito importante nesta fase", vincou, dizendo que, num momento de crescimento económico e de uma "situação próxima do pleno emprego", é "esse equilíbrio das contas públicas que nos permite ir reduzindo a dívida pública", disse durante um discurso no final de um almoço de associados da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), em Lisboa.
O controlo orçamental é necessário tendo em conta que "a dívida pública ainda é um dos calcanhares de Aquiles da economia portuguesa", disse, insistindo que "continuar a reduzir a dívida pública é um dos aspetos mais importantes para a estabilidade macroeconómica do país".
"Há 15 anos passámos por uma crise muito significativa e por um pedido de resgate financeiro. Na altura, resultado de dois desequilíbrios (ou dois défices gémeos): por um lado, o défice externo e, por outro, o défice público. Portugal, a partir de 2012, passou a ter um excedente externo nas suas contas públicas e nas suas contas externas -- e o turismo foi um dos fatores essenciais e ainda hoje é um dos fatores essenciais com o equilíbrio da nossa balança de pagamentos", afirmou.
Se a dívida externa está próxima dos 40% do PIB depois de ter rondado 100% na altura das dívidas soberanas, "a dívida pública ainda continua a ser bastante elevada", avisou.
"Terminaremos este ano próximo dos 90%, no próximo ano ficaremos próximo dos 87%, o que significa que, no próximo ano, além de ficarmos abaixo da fasquia dos 90%, ficaremos abaixo da média da zona euro", situou.
Referindo-se a esse como "um marco muito importante", reafirmou o objetivo de Portugal chegar ao final da década com uma dívida pública já próxima de 75%.
Se assim for, disse, "será muito abaixo dos grandes 'players' europeus, que estão todos hoje e com previsões para 2030, muito acima dos 100% do PIB e até próximo da Alemanha, cuja previsão é de uma subida da dívida pública para 70% do PIB".
No contexto de necessidade de manter o controlo orçamental, Miranda Sarmento admitiu a possibilidade de o Governo voltar a atribuir um suplemento extraordinário aos pensionistas com valores de reforma mais baixos, mas não desenvolveu em que termos. O executivo já tinha admitido essa possibilidade para 2026, condicionando-a à evolução das contas públicas.
Perante os associados da AHP, Sarmento afirmou que o turismo tem sido "um fator de diferenciação na economia" e tem subido na cadeia de valor, contribuindo não só para a receita fiscal e contributiva, mas também para o crescimento económico, o aumento do emprego e do bem-estar dos cidadãos.
Questionado pela plateia sobre a construção do novo aeroporto em Alcochete, Joaquim Miranda Sarmento mostrou-se convicto de que "daqui a 10 anos sensivelmente" o país "vai ter um aeroporto de dimensão significativa naquela localização".
Perante críticas da plateia, de um dos intervenientes, de que 24 meses para negociar com a Vinci os termos da concessão é excessivo, o ministro disse que não lhe parece que os prazos sejam "muito exagerados", porque construir um aeroporto na União Europeia "é um processo altamente complexo", dadas as exigências regulatórias nesta área.
Mais lidas