Montenegro: "Mantemos confiança total no nosso dispositivo" contra incêndios
O primeiro-ministro pediu compreensão com as forças no terreno, que são chamadas "para várias operações, em vários locais, ao mesmo tempo". Garante que já foram "evitadas tragédias".
- 22
- ...
O primeiro-ministro afirmou esta segunda-feira ter "total confiança" no dispositivo que o país tem no terreno para combater os incêndios. "Mantemos confiança total no nosso dispositivo. O nosso dispositivo está a 100% no terreno, disponível, não obstante estes 24 dias seguidos de severidade meteorológica, como não há registo no nosso país", disse à saída das instalações da Proteção Civil, numa altura em que já arderam mais de 180 mil hectares e pelo menos um bombeiro morreu no combate às chamas.
Em declarações aos jornalistas, Luís Montenegro pediu compreensão face à sobrecarga das equipas no terreno. "Estamos todos muito esgotados, são dias e dias de sofrimento, terror em muitos casos, e é preciso mantermos o discernimento de respeitarmos aqueles que estão a tratar da nossa segurança", afirmou, salientando que "as populações têm sido heróicas".
"Mas é necessário que todos continuem a ter noção que há uma cadeia de comando e há forças que estão consecutivamente a ser chamadas para varias operações, em vários locais, ao mesmo tempo, com períodos de descanso que se vão acumulando e precisam de ter também a compreensão de todos", sublinhou.
"Precisamos de confiar", disse ainda, assegurando que já foram "evitadas tragédias". "Eu quero aqui dar uma palavra de confiança (...) não estou a dizer que é tudo perfeito. Em momentos de crise, de tragédia, há sempre alguma irritação, muitas vezes pode haver até alguma descoordenação momentânea, mas acreditem, está a ser dado o máximo por muita gente e estão a ser evitadas tragédias", garantiu.
Montenegro deixou também uma nota de pesar pela morte do bombeiro em serviço. "Quero expressar o nosso pesar, a nossa consternação, as nossas condolências pelo falecimento de um bombeiro ontem em serviço (...) É também uma hora em que podemos e devemos fazer um reconhecimento à bravura de todos aqueles que no terreno estão a defender as nossas vidas, o nosso património, o nosso património natural, aqueles que são os pertences das nossas populações".
O líder do Governo admitiu que, tendo em conta a dimensão dos incêndios, há "sempre uma sensação que falta qualquer coisa, porque os meios não são ilimitados", mas apelou a uma "grande capacidade de solidariedade, de unidade nacional". "Este é um combate do país, nós estamos em guerra, temos de vencer esta guerra e estamos ao lado dos combatentes", afirmou.
Este é um combate do país, nós estamos em guerra e temos de vencer esta guerra e estamos ao lado dos combatentes.
Sobre o "timing" da ativação do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, na passada sexta-feira, o primeiro-ministro remeteu para mais tarde uma avaliação. "Não pode ser o critério do primeiro-ministro nem o palpite de qualquer político. Tem de ser critérios de natureza operacional e de natureza de solidariedade entre todos os parceiros. Não se esqueçam que temos sido assolados, não é só em Portugal, é em vários países que fazem parte desse mecanismo", afirmou. Ao abrigo deste mecanismo deverão chegar, na segunda-feira, dois aviões Fire Boss para reforço do combate aos incêndios.
Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro, num contexto de temperaturas elevadas que motivou a declaração da situação de alerta desde 2 de agosto. Este estado de alerta vai manter-se até à próxima quarta-feira. "A declaração de situação de alerta manter-se-á até à próxima quarta-feira, proibindo o acesso e a circulação nos espaços florestais, a realização de queimas e queimadas, a realização de trabalhos nos espaços florestais e proibição de fogo de artifício", disse o comandante comandante da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, Mário Silvestre.
O porta-voz da ANEPC confirmou também que será mantido o estado de "prontidão especial", de nível quatro, também até quarta-feira, altura em que será reavaliada a situação do país no que aos incêndios diz respeito.
Os fogos provocaram dois mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, na maioria sem gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.
Segundo dados oficiais provisórios citados pela agência Lusa, até 18 de agosto arderam 185.753 hectares no país, mais do que a área ardida em todo o ano de 2024.
Notícia atualizada
Mais lidas