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Passos Coelho avisa que se crescimento da imigração continuar portugueses vão sentir-se estrangeiros

Passos Coelho recordou que, na campanha para as eleições legislativas de 2024, num discurso num comício de apoio a Luís Montenegro no Algarve, já tinha advertido para o "problema da imigração".

Passos Coelho no julgamento do BES em Fevereiro de 2025
Passos Coelho no julgamento do BES em Fevereiro de 2025 Manuel de Almeida/Lusa
16 de Outubro de 2025 às 21:52

O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho avisou esta quinta-feira que, se tudo se mantiver como está na imigração, os portugueses se sentirão estrangeiros "na sua própria terra" e acusou o PS de oito anos de inação na matéria.

Na apresentação do livro "Introdução ao Liberalismo", de Miguel Morgado, em Lisboa, Passos Coelho abordou os dados hoje divulgados pela AIMA, que indicam que o número de cidadãos estrangeiros a residir em Portugal quadruplicou em sete anos, com cerca de 1,5 milhões registados no final de 2024, para salientar que "em muito pouco tempo entrou imensa gente em Portugal".

"E, se tudo se mantiver como está com o reagrupamento familiar e por aí fora, bem, qualquer dia também acontecerá cá aquilo que acontece noutras sociedades em que as pessoas, os nacionais, as pessoas que fazem parte daquela sociedade, se sentem estrangeiras na sua própria terra", advertiu.

Numa intervenção consagrada ao tema do liberalismo, Passos Coelho salientou que, de acordo com essa filosofia política, "não devia haver nenhum problema em que as pessoas se sentissem estrangeiras na sua própria terra", ironizando que seriam consideradas como "cosmopolitas" o que "era ótimo".

"O problema é que não é ótimo porque as pessoas sentem-se inseguras, ameaçadas, de certa maneira desorientadas, desconfiadas... Tudo aquilo que são características muito humanas e que, em circunstâncias normais, não valem grande coisa, em ambientes destes, as coisas podem descambar", afirmou.

Passos Coelho considerou que "o mínimo de bom senso faz qualquer pessoa perceber isto", antes de deixar crítica aos governos do PS liderados por António Costa, que acusou de terem tido uma política sobre imigração que tinha como princípio "deixa entrar, isto é para ser assim e não pergunto nada a ninguém".

"Isto era o que anterior primeiro-ministro [António Costa] dizia aos quadros superiores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) quando era por eles alertado 'senhor primeiro-ministro, cuidado porque nós estamos a perder o controlo desta situação. Olhe, está a entrar muita gente, a gente nem sabe quem é. A gente nem o certificado criminal pede'", disse.

Segundo Passos Coelho, em resposta a esses avisos que atribuiu ao SEF, António Costa respondia da seguinte forma: "Isto é mesmo assim, está a perceber? Não pense que é um acaso, é mesmo para isso, é para meter essas pessoas cá dentro, isto é para prosseguir".

O ex-primeiro-ministro acusou os governos PS de terem "feito isso conscientemente", antes de deixar uma sugestão de pergunta a António Costa.

"Já alguém perguntou ao senhor presidente do Conselho Europeu se ele não queria rever essa posição, que trouxe tanto radicalismo a Portugal, tanta insegurança e incerteza na maneira como as pessoas discutem no espaço público", disse.

Depois, Passos Coelho recordou que, na campanha para as eleições legislativas de 2024, num discurso num comício de apoio a Luís Montenegro no Algarve, já tinha advertido para o "problema da imigração".

"Quando eu chamei a atenção para estes problemas há dois anos, meu Deus, vários órgãos de comunicação social disseram: 'este tipo está a misturar segurança e imigração na mesma frase. Populismo, irresponsabilidade total, nem parece que foi primeiro-ministro, completamente irresponsável'. Não sei o que dirão agora", referiu.

Neste discurso, de cerca de 50 minutos, Passos Coelho advertiu ainda que há "em todo o lado um radicalismo que está a tomar conta do espaço público" e considerou que o seu crescimento "resulta de uma forma absolutamente irresponsável com que muitos dos assuntos que preocupam e perturbam as pessoas, não foram tratados".

Para o ex-primeiro-ministro, sempre que "há governos que se comportam com excesso de demagogia, de forma populista, que querem agradar a toda a gente e empurram com a barriga tudo aquilo que é preciso fazer", os problemas "acumulam-se e as pessoas dizem 'o que é que estes tipos estão lá a fazer'".

"Este nível de desconfiança, de descrédito, de incerteza que resulta das práticas das instituições liberais, por serem ocupadas e desempenhadas com irresponsabilidade geral, geram radicalismo. E o radicalismo gera radicalismo", advertiu.

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