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Pedro Nuno sai de cena com derrota histórica do PS

A caminho da maior derrota em quase 40 anos e com o mesmo número de deputados que o Chega, Pedro Nuno Santos avança para eleições internas e diz que não se vai recandidatar. Até porque defende que não deve ser o PS o suporte do governo da AD.

Pedro Nuno Santos anuncia demissão
Pedro Nuno Santos anuncia demissão José Sena Goulão/Lusa
19 de Maio de 2025 às 02:00

A proximidade das autárquicas tornava o cenário improvável, mas a dimensão da derrota do PS não deixou grande margem ao secretário-geral. Pedro Nuno Santos – que liderou o partido a caminho do pior resultado em percentagem de votos em 38 anos, do pior resultado em número de deputados em 40 anos, e correndo o risco de se deixar ultrapassar pelo Chega – anunciou que vai pedir eleições internas e acrescentou que não se vai recandidatar.

“Assumo as minhas responsabilidades como líder do partido. Vou pedir eleições internas” e sem se recandidatar, disse Pedro Nuno Santos. “Eu deixo de ser secretário-geral assim que puder”, disse, acrescentando que será a Comissão Nacional a decidir quando deve ser o Congresso.

Ao contrário do que admitia, poucas horas antes, Fernando Medina, o secretário-geral considera que não deve ser o PS a estender a mão à Aliança Democrática (AD). “A mim não cabe ser o suporte deste governo e penso que este papel não deve caber ao Partido Socialista (PS)”, sustentou, já depois da meia-noite, no Hotel Altis. Mas acrescentou que não quer “ser um estorvo” ao partido.

Com todas as freguesias apuradas em território nacional, ao final da noite, o PS tinha 23,38% dos votos, a percentagem mais baixa desde 1987, ou seja, em 38 anos. E 58 deputados, o pior resultado desde 1985, igualando o número de deputados no Chega. Falta ainda contar os votos da emigração, onde no ano passado o PS conseguiu um deputado e o Chega conseguiu dois.

Socialistas “chocados” pediam “reflexão alargada”

As projeções à boca da urna, divulgadas às 20:00, já apontavam para uma derrota histórica. As quatro estimativas divulgadas pelas televisões apontavam em média para que o PS conseguisse 23,1% dos votos, o resultado mais baixo desde 1987, ou seja, em 38 anos. Em número de deputados as projeções antecipavam, em média, 59 deputados, o pior resultado em 40 anos. Isto enquanto todas as projeções antecipavam que AD conseguisse por larga margem superar o número de deputados da esquerda (PS, PCP, BE, Livre).

Pelas 21:30, Duarte Cordeiro, ex-ministro do Ambiente de António Costa, pedia uma “reflexão profunda” a Pedro Nuno Santos caso o PS ficasse atrás do Chega, expressão que também seria usada por Ana Catarina Mendes. “Não podemos esconder que é profundamente perturbador que esperar pelo fim da noite eleitoral para perceber se estamos à frente do Chega e não é normal no PS”, dizia o ex-governante, num comentário no Now.

Cerca de uma hora depois, Fernando Medina, que tem sido apontado como possível sucessor de Pedro Nuno Santos, evitava, por exemplo, esclarecer se defende que as eleições internas sejam antecipadas. Perante o perante “o pior resultado da sua história“ – não “do ponto de vista quantiativo”, mas pelo risco de “ficar atrás de um partido de extrema direita”, “o que nos deixa profundamente chocados”– o PS deve fazer uma “reflexão do ponto de vista estratégico” e sobre as razões pelas qual não foi capaz de convencer jovens ou as “classes médias de trabalhadores”. Quanto a condições de governabilidade, “se [a AD] manifestar com credibilidade a vontade de ter um diálogo estruturado com o PS acho que o PS deve ter as portas abertas para excluir a extrema direita da governabilidade”, disse.

As segundas eleições legislativas em pouco mais de um ano aconteceram porque o primeiro-ministro, pressionado pelo caso Spinumviva e pela comissão de inquérito pedida pelos socialistas, avançou para uma moção de confiança. O líder da AD sabia que o secretário-geral do PS, que foi chumbando moções de censura e que viabilizou o orçamento do Estado, sempre tinha dito que não viabilizaria uma moção de confiança. Apesar das negociações de última hora no dia da votação, Pedro Nuno Santos não recuou na decisão. Mas, desde então, teve de se esforçar para se demarcar da responsabilidade por uma nova ida às urnas.

A mim não me cabe ser o suporte deste governo e penso que este papel não deve caber ao Partido Socialista. [Mas] não devo ser um estorvo ao partido. Pedro Nuno Santos

Líder do PS

Notícia corrigida pelas 9:25 para explicar que o número de deputados conseguido este domingo, ainda sem os votos da emigração, é o mais baixo desde 1985 (quando o PS conseguiu 57) e não desde sempre em democracia, como se escrevia.

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