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Portugal não melhora no ranking da corrupção. Mas também não piora.

Em 2015, a posição do país no ranking elaborado pela Transparency International manteve-se idêntica ao ano anterior. A descida de três lugares ficou a dever-se apenas a uma redução do número de países observados. A pontuação, essa ficou na mesma.

27 de Janeiro de 2016 às 15:27

Portugal ocupa a 28.ª posição no ranking de percepção da corrupção de 2015, elaborado pela Transparency Internacional (TI), com uma pontuação de 63, a mesma de 2014, mais um do quem em 2013 e novamente a mesma quando comparando com 2012. Em 2014, o país ficou na 31.ª posição, mas isso ficou a dever-se ao facto de entretanto terem saído países da lista – nesse ano foram avaliados 175 países e no ano passado foram 168.

O índice de percepção da corrupção da Transparency International baseia-se em opiniões especializadas sobre a corrupção do sector público e é feito com base em inquéritos a estrangeiros (nomeadamente homens de negócios) não incluindo, portanto, os nacionais. A posição é tanto melhor, quanto mais elevada for a nota, que vai de zero (mais corruptos) a 100 (menos corruptos). Ao todo, dois terços dos 168 países listados no índice de 2015 têm uma pontuação abaixo de 50.

O topo da tabela é ocupado pela Dinamarca, com 91 pontos, logo seguida da Finlândia (com 90) e da Suécia (89). Os Estados Unidos estão no 16.º lugar do ranking e o Japão no 18.º. Espanha ficou pior classificada do que Portugal (36.ª posição, 58 pontos) e o Brasil registou a maior queda, perdendo cinco pontos e descendo sete posições, para o 76.º lugar.

No lado oposto da tabela estão a Somália, Coreia do Norte e Afeganistão, apontados como os países onde a percepção da corrupção é a maior em todo o mundo.

Entre os estados africanos, o Botswana é o melhor classificado, na mesma posição e com os mesmos 63 pontos que Portugal. Segue-se Cabo Verde, na 40.ª posição, com 55 pontos, mas que tem vindo a descer nos últimos anos – em 2012 obtivera nota 60. Já Moçambique e Angola estão muito pior, ambos na segunda metade da tabela. O país liderado por José Eduardo dos Santos está no lugar 163, com 15 pontos, e tem vindo a piorar nos últimos anos (em 2013 tinha 23). Moçambique ocupa o lugar 112 com 31 de pontuação, que se tem mantido constante desde 2012.

Portugal "sem margem para melhorar"

cotacao Em Portugal não há margem para alterações no ranking, nomeadamente para melhorias.

Luis de Sousa, 

Associação Transparência e Integridade

Como se explica que em Portugal o nível de percepção de corrupção se mantenha mais ou menos constante numa altura em que o país está a braços com o maior número de investigações judiciais de sempre em que os envolvidos estão, de alguma forma, relacionados, precisamente, com a área da corrupção?

Luís de Sousa, que lidera em Portugal a associação cívica Transparência e Integridade, avança com uma explicação: "os processos judiciais em curso até podiam ter feito descer a pontuação, dando às pessoas a ideia de que há menos corrupção no país porque as autoridades estão mais atentas. No entanto, isso nem sempre acontece e os casos mediáticos podem ter tido, para outras pessoas, o efeito perverso de chamar mais a atenção para a corrupção". Um efeito e outro poderão ter-se anulado, fazendo com que não houvesse reflexos no índice, explica o especialista.

Para Luís de Sousa, em Portugal "não há margem para alterações no 'ranking', nomeadamente para melhorias". O investigador lembra, aliás, um recente inquérito do Eurobarómetro, elaborado pela Comissão Europeia e divulgado em Outubro de 2015, de acordo com o qual 49% dos inquiridos considerou que a corrupção é um problema para a sua empresa quando efectua negócios em Portugal (neste inquérito foram ouvidos tanto nacionais como estrangeiros).

Há "pontos de esperança" diz a organização

Em países como a "Guatemala, o Sri Lanka e Gana, activistas individuais e em grupo trabalharam arduamente para afastar os corruptos, passando uma mensagem forte que deveria encorajar mais pessoas a ter iniciativas decisivas em 2016", destaca a Transparency International no seu relatório. E, se 2015 mostra ainda que "a corrupção continua a ser uma praga em todo o mundo", os dados entretanto reunidos também mostram que há cada vez mais pessoas preocupadas e a protestar contra este fenómeno.

A organização destaca que os países com melhor desempenho compartilham características chave, como sejam, um "alto nível de liberdade de imprensa; acesso a informação sobre orçamento público – para que a população saiba de onde vem e como é gasto o dinheiro; altos níveis de integridade entre as pessoas no poder; e sistemas judiciários que não diferenciam ricos e pobres, e que são realmente independentes das outras esferas do governo".

Já entre os países que mais corrupção apresentam, o cenário é frequentemente de conflitos e guerras, com "fraca governança, instituições públicas débeis – como a polícia e o judiciário" e uma grande "falta de independência da comunicação social".

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