A Rússia reafirmou esta quarta-feira que a sua posição sobre as condições para terminar a guerra na Ucrânia não sofreu alterações desde que Vladimir Putin apresentou as suas exigências em junho do ano passado. Entre elas, destaca-se a retirada completa das forças ucranianas de várias regiões ocupadas pelos russos e a renúncia formal de Kiev a integrar a NATO.

A confirmação foi dada pelo porta-voz adjunto do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Alexei Fadeev, citado pela Reuters, que sublinhou que “a posição da Rússia permanece inalterada” e remeteu para o discurso que Putin proferiu no próprio ministério, a 14 de junho de 2024.

Atualmente, Moscovo controla cerca de 19% do território ucraniano, incluindo as regiões da Crimeia e de Luhansk, mais de 70% das regiões de Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson, bem como pequenas porções de Kharkiv, Sumy, Mykolaiv e Dnipropetrovsk. Segundo cálculos citados pela agência, as exigências russas implicariam que Kiev cedesse cerca de 21 mil quilómetros quadrados adicionais, além das áreas já ocupadas.

Os comentários surgem a dois dias da primeira cimeira EUA-Rússia desde 2021, marcada para sexta-feira, no Alasca, entre Putin e o presidente norte-americano Donald Trump. O líder norte-americano defendeu recentemente que, para alcançar a paz, ambas as partes terão de trocar partes do território atualmente sob o seu controlo.

No discurso de 2024, Putin deixou claro que, além da retirada militar, Kiev deveria comunicar oficialmente a Moscovo que abandonava os planos de adesão à NATO, comprometendo-se com uma posição de neutralidade. O Kremlin também exige garantias quanto aos direitos e liberdades dos falantes de russo na Ucrânia e o reconhecimento das “realidades” no terreno, ou seja, a integração formal de Crimeia, Luhansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson na Federação Russa.

A Ucrânia rejeitou estas condições desde o primeiro momento, classificando-as como um ultimato inaceitável. Recentemente, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky sublinhou que não haverá reconhecimento da ocupação russa nem cedência de linhas defensivas no Donbass, defendendo que qualquer negociação territorial só poderá ocorrer após um cessar-fogo. A maioria da comunidade internacional continua a reconhecer as fronteiras ucranianas estabelecidas em 1991.