Rocha afasta entendimento com Montenegro e diz que é "indiferente" a acordos da AD
À saída da reunião com o Presidente da República, o líder da IL admitiu ainda que não falou com Luís Montenegro após as eleições e que "nem faz sentido que haja" reuniões entre as duas partes nesta altura. Partido foi o quarto mais votado a nível nacional, mas não garante maioria à AD.
O presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, afastou esta quarta-feira a possibilidade de um entendimento com a Aliança Democrática (AD) com vista à formação de Governo, dizendo que assumirá com "total responsabilidade" as suas funções no Parlamento e que é "indiferente" à decisão da AD em fazer acordos parlamentares com o Partido Socialista (PS) ou com o Chega.
O presidente da IL falava assim à saída de uma reunião com o Presidente da República que durou quase uma hora, em que terão discutido os resultados das eleições legislativas de domingo e a formação do novo Governo. A IL foi o quarto partido mais votado a nível nacional, tendo conseguido eleger mais um deputado do que no ano passado. Conta agora com um total de nove assentos parlamentares.
Apesar de o partido ter crescido, Rui Rocha reconheceu que o resultado ficou "aquém das expectativas", já que não garante uma maioria absoluta com a Aliança Democrática (AD). Questionado se foi contactado pelo líder da AD após as eleições, o líder da IL admitiu que não e que "nem faz sentido que haja" reuniões entre as duas partes nesta altura. "Não há necessidade de reuniões especiais neste momento", frisou.
Durante a campanha, chegou-se a falar da hipótese de uma coligação pós-eleitoral entre a AD e a IL para formar Governo, mas os resultados eleitorais deitaram essa ideia por terra. Em conjunto, a AD (com 89 deputados) e a IL (com 9) não conseguem a desejada maioria parlamentar (115 deputados). Falta ainda conhecer os resultados eleitorais dos círculos da emigração, mas não é expectável que venham a trazer mais votos para a IL.
Por isso, Rui Rocha garantiu que a IL vai assumir o seu papel no Parlamento, sem aspirações de ir para o Governo, e que vai procurar, "com total responsabilidade", representar os eleitores que pedem menos Estado e "mais confiança para a sua autonomia e gerirem as suas vidas". "Continuamos a ser o único partido da sociedade civil que confia na iniciativa privada e nos portugueses", disse.
Em função dos resultados eleitorais, o líder da IL reconheceu que a AD terá de negociar ou com o Chega ou com a AD e que essa escolha é "perfeitamente indiferente" aos liberais.
Sobre a moção de censura que será apresentada pelo PCP, Rui Rocha recusou-se a avançar como é que a IL irá votar e classificou-a como "absolutamente extemporânea". "É um perfeito disparate", disse, notando que ainda não foi formado o Governo nem à Programa do Governo.
Rui Rocha adiantou ainda que a IL vai apresentar, "nos próximos dias", um projeto de revisão da Constituição da República, com vista a permitir uma "sociedade mais livre e economicamente mais autónoma". Garantiu que essa revisão constitucional não será "uma ajuste de contas com a História", mas terá "menos pendor ideológico". Dada a necessidade de ter dois terço de aprovações no Parlamento para mexer na Lei Fundamental, Rui Rocha diz que conta com os votos de todos aqueles que se revirem na nossa proposta".
Esta quarta-feira, o Presidente da República vai ainda ouvir o Livre, que passou a quinta força política no Parlamento em resultado das eleições de domingo. O encontro está marcado para as 17h00.
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