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AD vence sem maioria absoluta e parte para negociações

A AD de Luís Montenegro foi a vencedora da noite eleitoral. Reforçou a sua presença no Parlamento e a distância face ao seu adversário histórico (PS). Mas o resultado foi dos mais baixos de sempre e, sem maioria absoluta, terá de negociar com PS e Chega para conseguir governar.

Luís Montenegro celebra vitória da AD
Luís Montenegro celebra vitória da AD Mariline Alves
19 de Maio de 2025 às 02:52

A Aliança Democrática (AD), que junta PSD e CDS, venceu as eleições legislativas deste domingo, mas sem maioria absoluta e com um dos resultados mais baixos da democracia, parte para um novo Governo de minoritário onde terá de negociar, sobretudo com PS e Chega - que ficaram empatados -, para conseguir levar a sua avante.

"Dentro do cumprimento dos compromissos que assumi em nome da AD e deste espírito de 'sim é sim a Portugal', tenho a certeza absoluta do sentido de responsabilidade [das outras forças políticas], não só para a assunção plena de funções de Governo, mas após a sua investidura, para o próprio funcionamento da legislatura em quatro anos, que é o normal na nossa democracia", afirmou Luís Montenegro no discurso de vitória.

"Cabe a todos aqueles que hoje receberam um mandato do povo garantir que exista estabilidade política", disse o ainda primeiro-ministro em gestão. "Tudo faremos para assegurar essa estabilidade", acrescentou.

Antes, na RTP, Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros, segunda figura do Executivo ainda em gestão, disse que a AD está disponível "como até aqui para solução de Governo e para dar estabilidade do país".

Sem maioria absoluta, nem com a Iniciativa Liberal (IL), e questionado sobre como pretendem governar, Paulo Rangel disse que isso é "algo que se tem de fazer no parlamento como se fez até aqui". Ou seja com acordos parlamentares, seja com PS ou com o Chega. Mas o ainda ministro não indicou parceiro preferencial, sinalizando apenas que o Governo pretende falar "com todos". E explicou que o "não é não" de Montenegro é a uma coligação formal com o Chega, não para acordos no Parlamento. "Temos um mandato para governar e, como sempre fizemos, estamos disponíveis para falar com todos, quer todos estejam também disponíveis", frisou.

Nuno Melo, líder do CDS, parceiro de coligação, considerou, por sua vez, que "o aumento da diferença face ao PS é sinal de que os portugueses esperam dos socialistas sentido de responsabilidade."

Reforço face ao adversário

Sobre os resultados da AD, há três conclusões: em primeiro lugar, a coligação que junta PSD e CDS foi a mais votada, com 32,72% dos votos (1,95 milhões) e elegendo 89 deputados. Isto numa altura em que faltam ainda apurar os resultados dos círculos eleitorais da emigração, que elegem quatro deputados.

Face às eleições do ano passado, a coligação que pôs Luís Montenegro no Governo reforça a sua presença, não só em percentagem de votos (30,15%), como em número de deputados (80). Tem, agora, mais nove deputados do que tinha na anterior legislatura.

Além disso, conseguiu uma diferença significativa face ao PS, o seu maior opositor histórico. Em 2024, apenas dois deputados separaram as duas forças políticas (PSD e PS estavam empatados nos 78 mandatos). Agora, as duas forças políticas históricas, que têm alternado no poder, estão separados por 31 deputados. Não só pelos ganhos da AD, mas pela queda significativa do PS, que tem um dos piores resultados da democracia. Os socialistas conseguiram apenas 58 deputados, perdendo 20 mandatos, ficando empatados com o Chega, apesar de ainda poder reforçar com o círculo da emigração.

Perante estes resultados, o ainda líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, falou numa "vitória eleitoral reforçadíssima", considerando que "o país reforçou a confiança no Governo e no chefe de Governo, Luís Montenegro".

"A diferença face aos demais adversários, ao PS, parece-me bastante substantiva", considerou o social-democrata. Para Hugo Soares, estes resultados mostram que os portugueses avaliaram "o Governo de forma positiva" e escolheram a AD para "continuar a governar os destinos de Portugal".

Uma das vitórias mais baixas de sempre

No entanto, a AD ganha com um dos piores resultados de sempre em legislativas. Segundo um levantamento do Negócios dos resultados eleitorais desde 1976, foram muito mais as vezes em que PSD e CDS juntos (embora tenham concorrido separados em algumas eleições legislativas) tiveram resultados superiores aos de hoje.

Só no ano passado (apesar da vitória), em 2022, com a maioria absoluta de António Costa, e em 2019 (quando perdeu também para o PS), é que PSD e CDS tiveram resultados piores do que o de hoje, tanto em percentagem de votos, como em número de mandatos. Os dados não incluem ainda os votos e mandatos dos círculos eleitorais da emigração.

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