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Sócrates nega interferência na nomeação de Armando Vara

O antigo primeiro-ministro disse ter mostrado reservas em relação à nomeação de Armando Vara para a administração da CGD, tendo considerado que era "politicamente muito desvantajoso para um governo que está a iniciar funções".

FILIPE AMORIM/ Lusa_EPA
13:36

José Sócrates recusou esta terça-feira qualquer interferência na nomeação de Armando Vara para a administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e acusou o antigo ministro das Finanças Luís Campos e Cunha de mentir.

Na nona sessão do julgamento do processo Operação Marquês, o antigo primeiro-ministro continuou a falar sobre Vale do Lobo, o 'resort' algarvio que beneficiou de um crédito da CGD considerado ruinoso e que está ligado a um dos crimes de corrupção de que José Sócrates está acusado.

Falou ainda sobre a passagem de três meses de Luís Campos e Cunha pelo Ministério das Finanças.

Em relação a Armando Vara, José Sócrates disse ter mostrado, na altura, reservas em relação à sua nomeação para a administração da CGD, tendo considerado que era "politicamente muito desvantajoso para um governo que está a iniciar funções".

"A direita política e os seus jornais tinham um preconceito enorme contra Armando Vara", acrescentou.

Segundo a acusação do Ministério Público, José Sócrates e o então administrador da CGD Armando Vara terão sido subornados num total de dois milhões de euros por dois administradores de Vale do Lobo, Diogo Gaspar Ferreira e Rui Horta e Costa, para beneficiar a partir de 2006 o empreendimento.

O Ministério Público acredita que Armando Vara terá sido, no final de 2005, nomeado para a administração do banco público por indicação de José Sócrates.

"A acusação indica que nomeei Vara já com pensamentos criminosos e a pensar em Vale do Lobo. Mas as atas em que foram distribuídos os pelouros são de 4 de agosto de 2005 e janeiro de 2006. Este ponto destrói a acusação por inteiro", apontou José Sócrates.

Sobre Luís Campos e Cunha, o ex-primeiro-ministro quis sublinhar que não foi o antigo ministro das Finanças que se demitiu.

"Eu demiti Campos e Cunha", disse. "Cansei-me das mentiras deste senhor. Esteve três meses no Governo e, passados três meses, já estava na atividade preferida destas pessoas, que é atacar, denegrir e maldizer" o Partido Socialista.

Para a acusação, Luís Campos e Cunha terá saído do Governo por pressões para mudar a administração da Caixa Geral de Depósitos, mas José Sócrates disse hoje em tribunal que Campos e Cunha foi demitido na sequência da aprovação de uma lei que retirava benefícios a quem acumulava a pensão com cargos na administração pública.

"O ministro das Finanças tinha uma reforma do Banco de Portugal. Ele estava naquela circunstância, achava que tinha direito a tudo e não queria abdicar de nada. Ele opôs-se à lei", explicou José Sócrates, que acrescentou que Campos e Cunha foi, para si, "um equívoco político".

O antigo primeiro-ministro, Armando Vara, Diogo Gaspar Ferreira e Rui Horta e Costa são quatro dos 21 arguidos da Operação Marquês e respondem maioritariamente por corrupção e branqueamento de capitais.

Os 21 arguidos têm, em geral, negado a prática dos 117 crimes económico-financeiros que globalmente lhes são imputados.

O julgamento começou em 03 de julho no Tribunal Central Criminal de Lisboa.

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