Di Maio assume "responsabilidade" de governar e inaugura "Terceira República"
A votação projectada em torno dos 32,5% para o Movimento 5 Estrelas nas eleições gerais italianas deste domingo é mais do que uma simples vitória. Para o líder deste partido anti-sistema, Luigi Di Maio, este é um "resultado pós-ideológico" que supera a velha "divisão esquerda-direita" e que consagra o início da "Terceira República" italiana.
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Di Maio surgiu numa conferência de imprensa atulhada de jornalistas para proclamar o "triunfo" eleitoral do 5 Estrelas, os "vencedores absolutos" das eleições de ontem, notando que o partido triplica o número de representantes se somadas as duas câmaras do parlamento. Apesar de a coligação de centro-direita ter ficado à frente com uma votação na casa dos 37%, o líder dos "grillini" faz questão de frisar que o 5 Estrelas "é a primeira força política do país". Di Maio salientou ainda que, "ao contrário de outros [partidos], que são forças territoriais", o 5 Estrelas é uma "força política que representa toda a nação".
Este resultado leva o jovem político de 31 anos de idade a concluir que o 5 Estrelas se "projecta inevitavelmente para o governo da Itália". Constatando que "as coligações não têm número para governar, Di Maio assume "a responsabilidade de dar um governo a Itália" e a toda a "comunidade internacional", tentando tranquilizar particularmente os receios dos "investidores" que possam estar apreensivos com a eventual chegada ao poder de uma força anti-sistema e eurocéptica.
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Dado que, apesar da vitória, o 5 Estrelas ficou bastante aquém do patamar de 40% a partir do qual a maioria absoluta pode ser alcançada (segundo os peritos), Luigi Di Maio anunciou a disponibilidade do partido para conversações com todas as forças políticas.
Terceira República
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"Quero dizer claramente que estamos abertos ao diálogo com todas as forças políticas", disse Di Maio especificando que esta vontade diz respeito não apenas a acordos sobre as figuras que vão liderar cada uma das câmaras do parlamento (Câmara dos Deputados e Senado) mas, principalmente, para definir um programa assente na resolução de problemas. "É uma ocasião histórica para cumprir as coisas que esperamos há 30 anos", defendeu.
No entender do líder "grillino", as eleições de ontem produziram um "resultado pós-ideológico" que vai além da tradicional "divisão esquerda-direita", um resultado que dá prioridade a "temas e não ideologias". Assim, Di Maio garantiu que dará prioridade nas eventuais negociações para a formação de governo aos "temas" contemplados no programa do 5 Estrelas em que "os cidadãos votaram". Esses temas, recordou, são a "liberdade, imigração e segurança, o trabalho e o desenvolvimento económico".
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"Para nós hoje começa a Terceira República, finalmente a República dos cidadãos italianos", proclamou Di Maio. A Primeira República foi inaugurada em 1948 com a aprovação da Constituição que consagrou a mudança para um regime pós-fascista. A Segunda República começou em 1994 na sequência da implosão do quadro político saído do pós-Guerra. Para governar, o 5 Estrelas terá que chegar a acordo com outra(s) força(s) políticas. Pode aliar-se ao PD, hipótese que apesar de garantir apoio maioritário é, pelo menos para já, colocada de parte pelos principais dirigentes do partido. Mas com a previsível demissão de Matteo Renzi, a orientação pode mudar. O 5 Estrelas pode ainda negociar um acordo com a Liga de Matteo Salvini e os partidos mais pequenos que concorreram coligados na aliança de centro-direita. Porém, já esta manhã Salvini esclareceu que dará prioridade a uma solução de governo protagonizada pela coligação pré-eleitoral com o Força Itália de Silvio Berlusconi.
(Notícia actualizada às 12:25)
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