Europa acelera garantias de segurança na Ucrânia com ameaça de nova ofensiva russa
Os líderes europeus estão cada vez mais preocupados com a possibilidade de a Rússia lançar uma nova ofensiva em território ucraniano, particularmente contra a cidade estratégica de Pokrovsk, na região de Donetsk. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou recentemente que Moscovo deslocou cerca de 100 mil soldados para a frente de batalha junto à cidade, que resiste há mais de um ano às tentativas russas de cerco e captura, segundo a Bloomberg. Caso Pokrovsk caia, ficariam abertas as portas para um avanço russo sobre centros urbanos de maior dimensão, como Kramatorsk e Sloviansk, reforçando o objetivo de Vladimir Putin de dominar toda a região de Donetsk.
A concentração militar russa motivou intensas conversas entre Berlim e Paris, que discutiram o tema na reunião do Conselho de Segurança em Toulon, na semana passada, de acordo com fontes citadas pela Bloomberg. Paralelamente, em Paris, a chamada “coligação dos dispostos”, composta por cerca de 30 países, reúne-se esta quinta-feira com Zelensky para tentar fechar uma proposta de garantias de segurança para a Ucrânia no cenário pós-guerra. O encontro conta com a presença dos primeiros-ministros dos Países Baixos e da Polónia, enquanto líderes do Reino Unido, Itália e Alemanha participam por videoconferência, juntamente com o enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff.
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A iniciativa europeia pretende mostrar que o continente está a assumir a sua parte no apoio a Kiev, ao mesmo tempo que procura compromissos claros por parte de Washington. O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou esta quarta-feira, em Paris, que “a Europa está pronta para fornecer garantias de segurança a Kiev”, cita a Reuters. No entanto, a questão divide os aliados: alguns países admitem a possibilidade de enviar tropas após o fim das hostilidades, algo que Moscovo já rejeitou de forma categórica, enquanto outros defendem apenas apoio logístico e militar indireto.
O papel dos Estados Unidos permanece central neste processo. Apesar de o presidente Donald Trump ter manifestado vontade de mediar um acordo para terminar a invasão russa, incluindo um encontro com Putin no Alasca no mês passado, Moscovo não demonstrou qualquer abertura para um cessar-fogo. Trump chegou a ameaçar novas sanções, mas ainda não as impôs de forma efetiva e afastou a hipótese de enviar tropas norte-americanas, admitindo apenas eventual apoio aéreo e de informações, recorda o The Washington Post. Essa indefinição tem travado o avanço das negociações sobre as garantias, uma vez que, como sublinhou o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, é “extremamente importante” contar com clareza sobre o contributo dos EUA antes de qualquer encontro direto entre Zelensky e Putin.
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No terreno, a realidade mantém-se dura para a população ucraniana. O verão foi marcado por avanços russos limitados, com cerca de 2.000 quilómetros quadrados capturados entre maio e agosto, o que representa apenas 0,3% do território ucraniano. Ainda assim, a ofensiva aérea intensificou-se, tornando julho o mês mais letal para civis desde maio de 2022, com 589 mortos e mais de 1.100 feridos, de acordo com dados da ONU, citados pela Bloomberg. O ataque mais recente a Kiev, em 28 de agosto, deixou pelo menos 25 mortos.
Face a este cenário, Zelensky insiste que a prioridade é reforçar a capacidade de defesa ucraniana, uma posição partilhada pelo chanceler alemão, Friedrich Merz, que afirmou que “o fortalecimento do exército ucraniano é a garantia de segurança mais importante que podemos dar”. A incerteza em torno de um eventual acordo de paz e o risco de uma nova ofensiva russa reforçam a necessidade de manter esse apoio militar, enquanto as negociações diplomáticas se prolongam sem resultados concretos.
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O encontro desta quinta-feira acontece um dia depois de Vladimir Putin, Xi Jinping e Kim Jong Un celebrarem os 80 anos do final da Segunda Guerra Mundial, lado a lado. A celebração foi marcada pela demonstração de força política e militar dos três países, com a exibição de novas armas hipersónicas, drones submarinos e sistemas de guerra eletrónica. Kim Jon Un admitiu fazer “tudo o que estiver ao nosso alcance para ajudar a Rússia”, com agradecimentos de Vladimir Putin e do Kremlin, que sublinhou a importância da aliança entre Moscovo e Pyongyang.
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