Megacontrato de caças F-35 da Suíça com os EUA sob "fogo" após tarifas

As tarifas de 39% que os EUA estão a aplicar sobre os bens importados da Suíça estão a começar a pesar do lado helvético.
Suíça acelera negociações com os EUA após anúncio de tarifas de 39% sobre produtos suíços
Markus Schreiber/AP
Rui da Rocha Ferreira 11 de Agosto de 2025 às 16:03

A Suíça parece estar a levar à letra o conceito de guerra comercial, estando neste momento a repensar a aquisição de equipamentos militares aos EUA, com destaque para um megacontrato de caças F-35. Segundo o jornal , há políticos que querem recuar no negócio avaliado em seis mil milhões de francos suíços (cerca de 6,3 mil milhões de euros ao câmbio atual).

Em causa está um acordo assinado em 2021 entre a Suíça e os EUA que prevê a compra de 36 caças de combate americanos fabricados pela Lockheed Martin. Estes F-35 teriam como destino a força aérea helvética e seriam entregues entre 2027 e 2030.

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Além do , depois de os EUA terem penalizado os bens suíços com uma das mais altas tarifas do mundo (e mais do dobro das tarifas da maioria dos países europeus), em julho, os EUA informaram a Suíça que os custos de aquisição das aeronaves de combate seriam mil milhões de francos superior ao contratado. Um reflexo do aumento de custos de produção, que por sua vez está relacionado com o aumento... das tarifas.

O contrato dos caças F-35 nunca foi pacífico na Suíça, segundo o Politico. Foi aprovado em referendo com uma margem mínima de 50,1% e desde o início de 2025 que tem vindo a ser desafiado pelos partidos da oposição, que consideram que o país deveria investir o dinheiro em parceiros mais alinhados com os interesses europeus.

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"Os caças F-35 tornaram-se novamente numa questão política", comentou Hans-Peter Portmann, membro da assembleia suíça, no início de agosto. "Com a situação atual, não podemos simplesmente continuar como se nada tivesse acontecido", acrescentou, citado pelo Politico, sobre a imposição das pesadas tarifas norte-americanas.

"O país está chocado", comentou por seu lado Oscar Mazzoleni, professor de ciência política na Universidade de Lausanne, sobre a forma como a Suíça está a ser tratada pelos norte-americanos em termos comerciais. O académico lembra que a Suíça sempre foi vista como um aliado privilegiado dos EUA, representando inclusivamente os EUA a nível diplomático no Irão.

Apesar do aumento do tom da contestação interna, a Presidente do Conselho Federal da Suíça, Karin Keller-Sutter, já reforçou que o contrato é para cumprir.

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