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Embaixador russo na Turquia assassinado

O embaixador russo em Ancara, Andrey Karlov, morreu após um ataque a tiro durante a inauguração de uma exposição. O incidente surge num momento de tensão a propósito da acção russa na Síria.

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19 de Dezembro de 2016 às 16:40

O embaixador russo em Ancara, Andrey Karlov, morreu na sequência de um ataque realizado esta segunda-feira, 19 de Dezembro, durante a inauguração de uma exposição fotográfica numa galeria de arte na capital turca. A informação foi avançada pela agência de notícias estatal Ria Novosti e confirmada depois pelo Kremlin.

O incidente surge num momento de tensão a propósito da acção russa na Síria. O ataque, perpetrado em Ancara, foi inicialmente confirmado pelo ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, que adiantou que o embaixador Karlov ficou gravemente ferido. O embaixador acabou por não resistir aos ferimentos, tendo morrido minutos depois do ataque, confirmou mais tarde o Governo russo. A porta-voz do Ministério dos Estrangeiros russo, Maria Zakharova, já revelou que o Kremlin considera que este evento representa um "ataque terrorista". 

Num comunicado oficial citado pela agência estatal, o Kremlin adiantou que o Governo russo está já em contacto com as autoridades turcas para avaliar o sucedido. O ministro turco do Interior, Suleyman Soylu, terá chegado ao local poucos minutos depois do ataque. 

O incidente de que foi alvo o embaixador russo e que terá causado, pelo menos, mais três feridos após o disparo de um total de pelo menos oito tiros, aconteceu durante a inauguração de uma exposição intitulada de "A Rússia através de olhos turcos". Karlov iniciou a carreira diplomática em 1976, tendo passado mais de 30 anos na Coreia do Norte. Foi tranferido em 2007 para Ancara, ascendendo ao cargo de embaixador na Turquia em 2013.

Çatisma alaninda mahsur kalan isçiler BirGün' konustu https://t.co/MgWIbToBmJ pic.twitter.com/ek6xYKcmrn

O presidente do Comité de Relações Internacionais do Parlamento russo, Leonid Slutsky, já veio garantir que as relações entre os dois países não serão afectadas pelo acontecimento desta segunda-feira. Também já surgiram na comunicação social garantias de que os presidente russo e turco, Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan, respectivamente, já conversaram ao telefone sobre o sucedido. 

#pts: Images show #Russia’s Ambassador to #Turkey, Andrey Karlov (left) and his assassin (right) just before the attack in #Ankara: pic.twitter.com/H6XxhiCgYo

Além da referência a Alá já citada, o autor do ataque terá ainda feito referência às situações vividas na Síria, e em Aleppo. Aparentemente, Ancara e Moscovo estavam a cooperar nas negociações relacionadas com a imposição de cessar-fogo na cidade síria.

Nesta altura é ainda cedo para concluir acerca dos motivos que estiveram por detrás deste ataque, não se sabendo ainda sequer se o autor do ataque é um "lobo solitário", se foi apoiado por um grupo, e qual grupo. É que são inúmeras as organizações extremistas islâmicas que operam em território sírio.

Isto num momento em que o regime sírio do presidente Bashar al-Assad já recuperou praticamente o controlo total sobre a cidade de Aleppo, um dos últimos bastiões das forças extremistas sunitas na Síria. Assad contou com o apoio militar aéreo russo e ainda com a cooperação, no terreno, de forças militares do Irão e do Líbano (Hezbollah). Certo parece ser o facto de se tratar de um assassinato político. 

Relações turco-russas outra vez em causa?

Depois de anos em que as relações bilaterais entre Ancara e Moscovo foram marcadas por uma pouco habitual convergência no que diz respeito a questões internacionais, a rivalidade que durante séculos marcou as relações entre os dois Estados voltou a ficar bem vincada em Novembro do ano passado.  

 

Se o pano de fundo das mais recentes divergências entre os dois países está relacionado com a situação na Síria, a desencadear o resfriar das relações bilaterais esteve o derrube de um avião militar russo por parte do exército turco, em Novembro de 2015. A resposta russa não tardou, com Moscovo a aplicar um conjunto de sanções económicas a Ancara, designadamente penalizações direccionadas aos sectores turístico e agrícola da Turquia.

 

Já no Verão deste ano as relações foram normalizadas depois de o presidente Erdogan ter pedido formalmente desculpa a Moscovo pelo incidente. Pouco depois, em Julho, aquando do golpe de Estado falhado na Turquia, o presidente Putin foi dos primeiros a mostrar solidariedade em relação ao regime de Erdogan.

 

Putin e Erdogan assinalaram o restabelecer de relações normalizadas em Agosto, com o presidente turco a apontar mesmo a abertura de um novo capítulo nas relações turco-russas, mostrando disponibilidade para agilizar a construção do projecto Turquish Stream, através do qual a Rússia pretende exportar gás natural para a Europa Central e do Sul. 

Já relativamente à questão síria, os dois países mantêm profundas divergências. Se Moscovo tem no regime do alauita Assad o principal aliado no Médio Oriente e está, desde Setembro de 2015, a combater com recurso a meio aéreos junto das forças leais a Damasco, o regime de Ancara é favorável aos rebeldes sunitas que combatem o presidente sírio. Nesta altura é cada vez mais um dado adquirido de que, independentemente da configuração final do pós-guerra na Síria, o país continuará a ser governado por Assad. Putin terá mais razões para sorrir do que Erdogan. 

(Notícia actualizada às 18:15)

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