Trump vê Rússia em vantagem na guerra e deixa críticas a líderes europeus "fracos"
Numa altura em que as negociações para alcançar a paz na Ucrânia avançam de forma tímida e com poucos compromissos, o Presidente dos EUA, Donald Trump, acredita que a Rússia está em vantagem na guerra - "sempre esteve" - e o poderio militar do país deverá ter um reflexo num possível acordo celebrado entre as duas partes. Em entrevista ao jornal Politico, o republicano deixa várias críticas à forma como os políticos europeus conduziram as conversações entre Kiev e Moscovo, que, diz, "falam muito, mas não conseguem resultados".
"A Rússia está em vantagem. E sempre esteve. É muito maior e mais forte nesse sentido [em termos militares]. Dou um enorme crédito ao povo e às forças armadas da Ucrânia pela coragem e pela luta. Mas, no fim, o tamanho vai prevalecer – e esta é uma grande diferença de tamanhos", afirma o Presidente norte-americano, que insta Volodymyr Zelensky, líder ucraniano, a começar a aceitar algumas cedências - até porque "está a perder" a guerra.
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"Eles [ucranianos] perderam território muito antes de eu chegar aqui [à presidência dos EUA]. Perderam toda uma faixa costeira, uma grande faixa costeira. Perderam muito território e foi um território muito bom que perderam. Certamente não se pode dizer que foi uma vitória", disse ainda em entrevista ao jornal norte-americano, referindo-se aos avanços das forças russas em zonas como Luhansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson.
Apesar de Donald Trump acreditar que a Rússia tem a clara vantagem nesta guerra, as forças de Moscovo têm tido dificuldade em alcançar todos os objetivos propostos por Vladimir Putin. Uma guerra que era suposto terminar em dias está prestes a entrar no seu quarto ano e o Kremlin ainda não conseguiu assegurar a totalidade da zona do Donbas - composta essencialmente por Donetsk e Luhansk e que é bastante rica em recursos minerais.
Nas últimas semanas, os EUA têm intensificado os esforços de mediação para conseguir encontrar uma solução para o conflito. Washington apresentou uma proposta de 28 pontos à Rússia e à Ucrânia que implicava a cedência de territórios por parte de Kiev e uma série de outras medidas que tanto Zelensky como vários líderes europeus consideraram inadmissíveis. No entanto, a proposta tem vindo a ser negociada entre as várias partes (com desenvolvimentos limitados) e Donald Trump afirma que, ainda na segunda-feira, apresentou um novo rascunho aos oficiais ucranianos.
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Zelensky ainda não terá tido oportunidade de consultar a proposta, de acordo com o Presidente norte-americano, mas ainda esta semana Zelensky revelou que as negociações continuam a embater no ponto da cedência de territórios. Aqui, Trump é perentório: "Ele [o Presidente da Ucrânia] vai ter que se mexer e começar a aceitar alguma coisa, até porque está a perder".
Na mesma entrevista, o Presidente norte-americano não poupou os líderes europeus de críticas. Com uma linguagem inflamatória, Donald Trump acusou-os de serem "fracos" e de estarem demasiado preocupados em ser "politicamente corretos". "Eu acho que eles não sabem o que estão a fazer. A Europa não sabe o que está a fazer", afirma.
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Além da falta de progressos nas negociações para a paz na Ucrânia, o líder da maior economia do mundo aponta o dedo ao que diz serem políticas erráticas de imigração no bloco de 27 países, que ameaçam a existência das fronteiras atuais. Trump afirma mesmo que cidades como Londres e Paris vão ficar demasiado pressionadas pelo peso da imigração do Médio Oriente e África e compromete-se ainda a apoiar candidatos que reflitam as suas posições em várias eleições europeias.
O Presidente dos EUA não tira de fora da mesa novas ações militares na América Latina, depois de ter enviado tropas para as Caraíbas, de forma a pressionar o regime de Nicolás Maduro, que acusa de exportar drogas e "pessoas perigosas" para os EUA. As intervenções podem chegar ainda ao México e a Colômbia e Trump não exclui ordenar a entrada de tropas na Venezuela.
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