Macron propõe mudanças radicais na Europa
Emmanuel Macron não desiludiu quem esperava ouvir propostas favoráveis a que a União Europeia e a Zona Euro reforcem o respectivo nível de integração. Num discurso realizado na Universidade Sorbonne, em Paris, o presidente francês não quis deixar os créditos de profundo europeísta por mãos alheias e avançou com um conjunto de propostas tão arrojadas quão difíceis de concretizar.
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Macron apelou ao simbolismo da ocasião para falar na "mais bonita ideia", a dos pais fundadores da UE que decidiram "superar" a herança de duas guerras mundiais para criar um projecto comum. O líder gaulês reconheceu que, uma vez mais, vinha falar sobre a Europa e a necessidade de reformas, e para os que pudessem estar cansados de o ouvir sobre este tema avisou que "vão ter de se habituar". É que "a Europa que conhecemos é demasiado fraca, demasiado lenta e demasiado ineficiente", justificou.
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"Aquilo que a Europa está hoje a precisar é de uma cultura estratégica comum", atirou para de seguida sustentar que "a nossa incapacidade de agir em conjunto de forma convincente mina a nossa credibilidade enquanto europeus". "Precisamos traçar o único trilho que pode assegurar o nosso futuro: que é a refundição de uma Europa soberana, unida e democrática", atirou.
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Je suis venu vous parler d’Europe.
« Encore ! », diront certains.
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Oui, encore.#InitiativeEuropehttps://t.co/0ysXiIuKy7
De seguida, o presidente francês, que neste ano revolucionou o panorama político francês ao ser eleito presidente da França, derrotando os dois maiores partidos gauleses e a extrema-direita, propôs uma espécie de revolução à escala europeia.
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Além das já conhecidas propostas de constituição de um orçamento comum na Zona Euro, capaz de responder a choques assimétricos, e da criação do cargo de ministro das Finanças para o bloco do euro, Macron propôs o estabelecimento de uma taxa uniformizada sobre as transacções financeiras no seio da UE, cuja receita reverteria para o financiamento de projectos de ajuda ao desenvolvimento, destinado especialmente aos países africanos. Tendo agendado este discurso para dois dias depois das eleições alemãs para tentar influenciar as negociações com vista à formação de uma coligação governativa - que em princípio terá os liberais no próximo governo de Angela Merkel, partido contrário à criação de novos instrumentos que impliquem transferências financeiras dentro da Zona Euro - Emmanuel Macron reiterou a ideia de uma Europa a várias velocidades ao defender que o bloco do euro é o coração do projecto europeu. "A Europa precisa ser uma potência económica e monetária", disse notando que só assim será possível rivalizar com países como a China ou os Estados Unidos. Macron também não deixou sem resposta o líder dos liberais alemães (FDP) que, no passado domingo, garantiu o regresso ao Bundestag. Depois de Christian Lindner ter avisado que a partilha de riscos e transferências financeiras nos países do euro é uma linha vermelha que o FDP não está disposto a atravessar, Macron afiança que "não tenho linhas vermelhas, só tenho horizontes".
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Tendo agendado este discurso para dois dias depois das eleições alemãs para tentar influenciar as negociações com vista à formação de uma coligação governativa - que em princípio terá os liberais no próximo governo de Angela Merkel, partido contrário à criação de novos instrumentos que impliquem transferências financeiras dentro da Zona Euro - Emmanuel Macron reiterou a ideia de uma Europa a várias velocidades ao defender que o bloco do euro é o coração do projecto europeu.
"A Europa precisa ser uma potência económica e monetária", disse notando que só assim será possível rivalizar com países como a China ou os Estados Unidos. Macron também não deixou sem resposta o líder dos liberais alemães (FDP) que, no passado domingo, garantiu o regresso ao Bundestag. Depois de Christian Lindner ter avisado que a partilha de riscos e transferências financeiras nos países do euro é uma linha vermelha que o FDP não está disposto a atravessar, Macron afiança que "não tenho linhas vermelhas, só tenho horizontes".
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Nous avons besoin d'une stratégie économique d’ensemble. #InitiativeEurope pic.twitter.com/L0mIkqoRLA
O financiamento deste orçamento destinado à partilha de riscos, propõe, seria feito através da aplicação de maior carga fiscal sobre as gigantes tecnológicas como o Google e o Facebook e as empresas mais poluidoras. Macron admite, porém, que este mecanismo orçamental teria de ser financiado por transferências directas dos Estados que partilham a moeda única. Ainda no âmbito fiscal, Macron quer acabar com a competição fiscal entre os vários países da UE, impondo uma harmonização das taxas de imposto aplicadas às empresas.
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Maior integração na Protecção Civil, Defesa e Segurança
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Nos horizontes do governante francês consta também uma Europa mais integrada ao nível da Defesa e da Segurança. Depois de em Junho Bruxelas ter dado um primeiro passo tendente à criação de um exército comum, o político francês veio agora defender a criação de um orçamento partilhado para a Defesa. Propôs o estabelecimento de um "sistema comum de Defesa e Segurança".
Tendo em conta a premência crescente de encontrar ferramentas capazes de enfrentar a ameaça terrorista, Macron sugere que seja criada uma agência europeia anti-terrorismo, que deve funcionar em articulação com uma, também a criar, academia europeia de serviços de informações.
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Para provar o seu empenhamento, o presidente gaulês revelou estar disponível para integrar no exército francês elementos de outros exércitos europeus, tudo porque é crucial encontrar uma "doutrina comum de acção" que responda a ameaças que são também elas comuns e globais.
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Outra novidade proposta passa pela criação de uma força de "reacção rápida" capaz de trabalhar em cooperação com as forças de segurança e exércitos nacionais na resposta célere a desastres naturais como terramotos e incêndios.
Ainda no âmbito das medidas apresentadas neste discurso para a reconstrução europeia, o líder gaulês lembrou que as crises migratória e dos refugiados exigem uma resposta à escala europeia, pelo que Macron insta à reforma da lei de asilo vigente e à delineação de uma "lei harmonizada ao nível europeu".
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Sobre esta questão, sugere ainda que sejam acelerados os procedimentos de atribuição de asilo, propondo que seja seguido o mais ágil modelo alemão.
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Propôs também profundas alterações à Política Agrícola Comum (PAC, habitualmente criticada por beneficiar, em especial, os agricultores franceses), a criação de um mercado único digital e de uma agência para a inovação para ajudar a preparar a Europa para o futuro. "Quero fazer na Europa o que já comecei a fazer na França", concluiu Macron que se apresentou às presidenciais gaulesas como o único candidato capaz de implementar as necessárias reformas económicas e sociais que o país necessita.
"Quero fazer na Europa o que já comecei a fazer na França", concluiu Macron que se apresentou às presidenciais gaulesas como o único candidato capaz de implementar as necessárias reformas económicas e sociais que o país necessita.
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Listas transnacionais para as eleições do Parlamento Europeu
Taxa sobre transacções financeiras para apoio ao desenvolvimento
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Impostos harmonizados sobre as empresas
Imposição de um "significativo" preço mínimos para o carbono
Imposto alfandegário sobre o carbono
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Agência europeia reguladora para o sector digital
Força europeia de protecção civil
Agência europeia de asilo
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Polícia europeia fronteiriça
Força comum de intervenção militar
Reforço na cooperação entre os diversos exércitos europeus
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Academia de informações europeia
Força conjunta anti-terrorismo
Agência de pesquisa para tecnologias disruptivas
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Universidade europeias
(Notícia actualizada às 18:31)
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