Paris e Berlim não seguem Trump e rejeitam bloquear Huawei

O presidente francês Macron rejeita bloquear o acesso da chinesa Huawei, ou de qualquer outra empresa, ao mercado francês. Merkel mantém-se fiel aos critérios definidos por Berlim para regular 5G.
Angela Merkel Emmanuel Macron
Reuters
David Santiago 16 de Maio de 2019 às 14:45

Os líderes das duas maiores economias da Zona Euro não embarcam, pelo menos por agora, no bloqueio à tecnológica chinesa Huawei decretado esta quarta-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

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Em declarações à Bloomberg, o presidente francês Emmanuel Macron recusa ceder à pressão norte-americana e, como tal, não vai decretar nenhum bloqueio aos equipamentos 5G da chinesa Huawei.

"A nossa perspetiva é a de não bloquear a Huawei ou qualquer outra empresa", afirmou Macron à Bloomberg TV notando, porém, que é preciso "ter extremo cuidado relativamente ao acesso a tecnologia confiável e à preservação da segurança nacional e de todas as regras de segurança".

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Numa crítica ao posicionamento protecionista de Trump, o presidente gaulês defende que a Europa tem de manter uma posição "realista" e continuar a acreditar nos méritos da "cooperação e multilateralismo".

Apesar da abordagem mais cautelosa, também a chanceler Angela Merkel recusou hoje seguir as pisadas dos Estados Unidos em relação à empresa chinesa que se tem posicionado como líder no setor da rede 5G.

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O governo germânico apertou recentemente os critérios que regulam o fornecimento de equipamento para a rede 5G e as regras de segurança para esta tecnologia, mas exclui a possibilidade de colocar de parte um fornecedor como a Huawei.

Desta forma, a chanceler Merkel vincula a Huawei, assim como todas as concorrentes, ao cumprimento das regras internas nos concursos para a construção da rede 5G no país.

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Esta quarta-feira, Trump assinou um decreto presidencial que impede as empresas norte-americanas de fazerem negócios com companhias estrangeiras que apresentem um risco para a segurança nacional.

Apesar de a ordem presidencial não nomear nenhuma empresa em particular, a Huawei é o alvo desta decisão, ficando a gigante chinesa impedida de adquirir tecnologia nos EUA.

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A ação dos EUA surge depois das informações que davam conta da possibilidade de aquela tecnologia de ponta poder permitir ao Estado chinês tirar partido do acesso a segredos industriais e outras informações privilegiadas mediante um acesso à rede móvel 5G assegurado pela Huawei.

Pequim tem vindo a garantir não ter qualquer interferência no negócio da empresa, contudo persistem dúvidas quanto ao verdadeiro alcance das autoridades no que diz respeito ao desenvolvimento desta tecnologia de ponta.

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Em março, a Comissão Europeia apresentou um pacote de medidas para adoção pelos Estados-membros para que estes possam, invocando razões ligadas à "segurança nacional", excluir candidatos (leia-se empresas) à construção das respetivas redes 5G.

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